A advogada especialista em Direito Digital Alessandra Borelli costuma circular em mais de uma escola por semana para conversar com pais, professores e alunos sobre o vazamento de fotos íntimas. “Não tem uma escola que não tenha tido pelo menos um caso”, relatou.

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A constatação da advogada é de que a “febre” conquistou espaço entre os adolescentes porque tanto os que se filmam ou permitem a gravação, no caso das vítimas, quanto os opressores, que compartilham material íntimo de terceiros entre os amigos, têm o “desejo de ser aceitos”. Alessandra explica que essa vontade de fazer parte se manifesta com mais força nos grupos populares do colégio, ou entre namorados e paqueras.

Segundo a advogada, o perfil das vítimas com maior o número de casos de vazamento está na faixa dos 13 aos 15 anos. Os exemplos mais comuns são de meninas que tiram fotos ou vídeos íntimos, enviam para o namorado, terminam o relacionamento e, em seguida, o ex compartilha o material com amigos.

“A partir dos 12 anos, os jovens começam a invadir as redes sociais. Começa então a interação virtual e a necessidade por curtidas. Os likes são importantes e, para ter as curtidas, os jovens começam a se expor demais. Entram nessa jogada de quem viajou mais, quem tirou a foto mais bonita.

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Começam a se expor da pior e da melhor forma possível”, disse a advogada.

Papel das escolas

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A educadora Neide Noffs, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), disse que as escolas precisam “perder o medo” de discutir as situações sociais nas quais estão envolvidos os alunos. Abordar a sexualidade em sala de aula, segundo Neide, é uma forma de fazer com que os jovens se sintam mais à vontade de perguntar e procurar ajuda quando necessário.

“As escolas não podem ter medo de fazer esse debate. No passado, os educadores achavam que discutir alguns temas significava estimular ou antecipar. E, por isso, não falavam nem sobre drogas. Hoje, nós acreditamos no inverso, de que a discussão ajuda a prevenir.”

Para Neide, os professores devem abordar a sexualidade dentro do contexto em que os alunos vivem, que hoje está muito ligado às redes sociais e à internet. “Por isso, além de falar sobre as relações sexuais e interesses, é preciso abordar também a questão da intimidade, o respeito com as mulheres. É preciso resgatar alguns valores, já que nossa sociedade preza pelo excesso de exposição.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.