Foto: Márcio Fernandes/Agência Estado

 Alckmin e José Serra: o "simpático" e o "intervencionista".

continua após a publicidade

O empresariado brasileiro é ?simpático? ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ?teme? mais o prefeito José Serra (PSDB) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dessa forma, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), resumiu ontem a visão dos industriais sobre os principais personagens da corrida presidencial de 2006.

A aversão a Serra manifestada por uma parcela substancial do empresariado, explicou Monteiro Neto, deve-se à percepção de que, na Presidência, ele tenderia a adotar uma política mais ?intervencionista? na economia que seus concorrentes. ?Setores da comunidade empresarial acreditam que Serra é mais intervencionista. O mercado tem mais medo dele que do novo Lula que emergirá na campanha eleitoral?, afirmou Monteiro Neto durante o almoço de confraternização da CNI, em que foram expostas as perspectivas da entidade de crescimento de 3,6% na atividade econômica em 2006. ?Mas eu vejo o Serra de outra forma. Ele age com racionalidade na economia. Não o vejo desafiando essa racionalidade?, ponderou.

Em sua avaliação, as perspectivas positivas da confederação sobre o desempenho da economia brasileira em 2006 somente serão ?turvadas? se surgir um candidato com reais chances de vitória e que adote um discurso mais reformista na área econômica. Se a polarização se mantiver entre o PT de Lula e o PSDB, seja de Serra ou de Alckmin, o risco de turbulência seria menor porque as agendas macroeconômicas de ambos os partidos são convergentes. ?Com que autoridade o PSDB vai atacar a política econômica??, questionou, ao destacar a continuidade da orientação adotada no governo Fernando Henrique Cardoso durante a gestão de Lula.

Monteiro Neto afirmou ainda que a dificuldade, para a candidatura de Lula, está na construção de uma coalizão que possa confirmar para o eleitorado sua disposição de realmente governar. Uma saída bem provável, em sua opinião, seria a aliança entre o PT e o PMDB, por mais que esse partido alardeie, neste momento, que terá uma candidatura própria em 2006. Mas o PMDB, ressaltou ele, não concordaria em trocar seu apoio por dois ou três ministérios. Desta vez, tenderia a exigir a co-participação integral no governo.

continua após a publicidade

Para o presidente da CNI, o possível lançamento do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho como candidato peemedebista é prejudicado pelo seu atual desempenho nas pesquisas de opinião. ?O Lula está de olho no PMDB, e o PMDB está de olho nas pesquisas?, afirmou. O presidente da República ainda conta, na sua avaliação, com o apoio de uma parcela relevante do empresariado – aquela que obteve ?ganhos? durante esses três anos de gestão e que considera seu projeto de governo ?equilibrado e de bom senso?.