Rio – Os controladores de vôo civis adotaram o ?fator surpresa? para lutar pela desmilitarização do comando do setor. O presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, Jorge Botelho, informou que a data, local e horário das próximas reuniões da categoria para discutir o assunto só serão divulgadas no dia de sua realização. Segundo o sindicalista, essa foi a forma encontrada para evitar ?pressões e manobras? das chefias diretas dos profissionais, que já teriam tentado evitar esses encontros.
A estratégia foi adotada após a última reunião dos controladores, realizada sábado passado em Salvador (Bahia). Botelho relata que esse encontro ocorreu sob receio de retaliações e pressões de autoridades do controle aéreo espalhadas pelo País. De acordo com ele, apenas no sábado teriam sido registradas oito tentativas de intimidação.
O sindicalista enfatiza que não se trata de operação padrão dos controladores, que poderia resultar em atrasos e cancelamentos de vôos nos aeroportos. ?Existem manobras que tentam prejudicar a participação do pessoal (controladores). Os superiores diretos marcam reuniões operacionais de última hora, por exemplo?, afirma Botelho, que diz acreditar que as intimidações não são coordenadas pelo Comando da Aeronáutica ou pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). ?Esse assunto está mexendo com muitos interesses?, acrescenta.
O objetivo das reuniões dos controladores de todo o País, diz Botelho, vai além de mobilizar a categoria a lutar pelo comando civil dos controladores. O sindicalista relata que a idéia é, também, fazer um mapeamento da situação dos profissionais em todo o País, seus problemas e a infra-estrutura de cada local. ?Determinados lugares têm problemas no controle de vôo que não são divulgados. São problemas em torno de equipamentos, falta de pessoal ou pressão por parte de superiores?, conta Botelho. A desmilitarização do comando do tráfego aéreo vai além de um desejo dos controladores civis pois, conforme Botelho, 90% de toda a categoria, incluindo os militares, preferem o comando do setor na mão de civis.