Pela primeira vez desde 2001, caiu o número de transplantes feitos no País. Apesar de discreta (-1,41%), a diminuição dos procedimentos pode ser explicada pelo menor número de alguns tipos de transplantes, como o de pâncreas, fígado e, principalmente, o de coração – este, pelo segundo ano consecutivo. A queda pode indicar também que o sistema, da forma como está hoje estruturado, não é capaz de atender às necessidades de quem espera na fila.

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Em 2006, de acordo com dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), órgão do Ministério da Saúde, 14,1 mil transplantes foram feitos no País, ante os 14,2 mil realizados em 2005 – para órgãos como coração, córnea, fígado, pâncreas, pulmão, rim, rim/pâncreas e fígado/rim. Em 2004, foram realizados 200 transplantes de coração no Brasil. Um ano depois, foram 181. E, em 2006, apenas 147 – uma queda de 18% em relação ao ano anterior.

Até dezembro do ano passado, 66 mil pessoas estavam na lista de espera por transplantes, 344 apenas para coração. Segundo a médica Maria Cristina Ribeiro de Castro, presidente da Associação Brasileira de Órgãos (ABTO), o problema é reflexo de uma saturação do atual sistema de captação. Toda vez que o número total de doadores cai, os transplantes como os de coração – que necessitam ser retirados e transplantados mais rapidamente – tendem a diminuir ainda mais. ?Se existem menos doadores, existem também menos doadores em boas condições?, esclarece Maria Cristina.

De fato, a queda do número de transplantes não ocorreu sozinha. Há dois anos, o número de doadores também diminui. De acordo com dados da ABTO, em 2004, o País tinha uma média de 7,4 doadores por 1 milhão de pessoas. No ano seguinte esse índice caiu para 6 3 até chegar aos atuais 6 doadores por 1 milhão de pessoas, registrados em 2006.

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