Cerca de 50 artefatos de pedra e mais de 400 conchas com características da Pré-História foram encontrados na região da Leopoldina, no centro do Rio, onde hoje é uma área de estoque de aduelas da Linha 4 do Metrô. Arqueólogos que estudam o local identificaram que as peças são de 4 a 3 mil anos atrás, do período em que os paleo-índios circulavam pelas terras ao redor da Baía de Guanabara.

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Além das conchas de mexilhões, mariscos e ostras, que serviam de alimentação para os primeiros homens que ocuparam a região, os arqueólogos encontram lanças de caça, raspadores usados para cortar carne animal, machadinhas e batedores que funcionavam como martelos primitivos.

“As peças pré-históricas vão nos ajudar a contar uma parte importante da história do processo populacional primitivo no Rio de Janeiro. Não temos dúvida de que naquela região houve várias ocupações indígenas”, afirmou Claudio Prado de Mello, coordenador da equipe de Arqueologia contratada pelo Consórcio Linha 4 Sul para fazer escavações nas áreas de obra na Leopoldina, Ipanema e Leblon durante a construção da Linha 4 do Metrô.

Segundo Mello, as peças encontradas indicam que os grupos que ocupavam a região da Leopoldina no período Pré-Histórico eram caçadores-pescadores, coletores e nômades, mas ainda não formavam tribos como são concebidas atualmente. “Era um primeiro momento da sociedade, quando os homens viviam da coleta por não terem instrumental para a caça, dando preferência a áreas de mangue onde havia abundância de alimentos que podiam ser coletados com facilidade”, afirma.

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Mello explica que toda a região da Leopoldina e outras áreas do centro do Rio eram completamente alagadas e passaram por um período de aterramento sistemático após a chegada de Dom João VI e da família imperial. “Toda aquela região era banhada pelo mar até a Central do Brasil”, disse. Para o arqueólogo, não há dúvidas de que o material encontrado fazia parte de um sambaqui, amontoados de conchas e outros resíduos acumulados por ação humana, encontrados comumente em área de litoral recortado, com baías, mangues, enseadas e restingas.

Sítio

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As peças pré-históricas foram encontradas em uma camada de 30 cm até 120 cm de profundidade do sítio arqueológico do Matadouro Imperial, aberto em meados de 2013. “Chegamos a pensar que os artefatos poderiam ser da tribo de Arariboia, mas para isso, precisariam estar numa profundidade um pouco maior e no fundo da camada de solo, coincidindo com a ocupação dos índios Tememinos, que ocorreu nos anos 1570. Mas, à medida em que fomos aprofundando a pesquisa do relevo da Leopoldina, a pesquisa histórica e a análise estilística (visual) das peças, concluímos que não estavam ligadas à fase de contato entre indígenas e portugueses. São bem mais antigas”, explica Mello.

No mesmo local, já haviam sido achados mais de 220 mil artefatos do período da Corte de Dom Pedro II, como perfumes, remédios, louças, joias de ouro e até uma escova de dentes íntegra, em marfim, com a inscrição em francês: “S M L’EMPEREUR DU BRESIL” (Sua majestade, o imperador do Brasil). Os arqueólogos acreditam que o objeto tenha pertencido a Dom Pedro II ou outro membro da família imperial, que vivia ali perto, em São Cristóvão.