Peças achadas com D. Pedro I vão virar exposição

Medalhas, botões e fragmentos de vestes recolhidos dos caixões de Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia, que agora fazem parte do acervo do Departamento de Patrimônio Histórico da capital, devem ser expostos ao público em breve. Os objetos são parte do estudo revelado com exclusividade na terça-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria Municipal de Cultura afirmou que há intenção de expor as peças em vitrines blindadas dentro do próprio Monumento à Independência, onde estão sepultados o imperador e suas duas mulheres, no Ipiranga, zona sul da capital. Ainda não há data prevista para a exposição. O material foi recolhido no ano passado, quando os restos mortais dos três personagens foram exumados para estudo, por iniciativa da historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel. O jornal O Estado de S. Paulo acompanhou a pesquisa, com exclusividade, nos últimos 3 anos.

Uma vez removidos os tampões de granito de 400 quilos que cobriam os caixões de Dom Pedro I e de Dona Leopoldina, e aberto o nicho de parede de Dona Amélia, os pesquisadores fizeram uma lista minuciosa do que havia dentro de cada urna. Encontraram medalhas e insígnias de ordens de Portugal, joias de surpreendente baixa qualidade e até cartões de visita deixados por gente que acompanhou os traslados até o Ipiranga.

Sabe-se agora que a roupa militar com que Dom Pedro I foi enterrado – túnica provavelmente marrom e calça branca – tinha, ao todo, 54 botões, a maioria de metal, com brasão da coroa portuguesa em alto relevo. Ele usava botas, que se decompuseram quase completamente por causa da umidade: restaram dois saltos de couro e duas esporas de metal. Havia também botões feitos de osso, usados na época principalmente em cuecas. O fato de que não havia nenhuma comenda de ordens brasileiras entre as insígnias com que o imperador foi enterrado surpreendeu. “Esperava pelo menos a Ordem da Rosa, criada pelo próprio Dom Pedro I aqui no Brasil, para homenagear Dona Amélia. Foi uma pequena decepção”, diz Valdirene.

Em meio ao material histórico, houve espaço para curiosidades mais recentes: dentro do caixão do imperador foram colocados 24 cartões de visita, de militares, dentistas, diplomatas, brasileiros e portugueses. “Foram colocados no traslado dos restos do imperador ao Brasil, em 1972. É gente que gostaria de ser ‘lembrada’, mas não vamos divulgar os nomes”, diz a pesquisadora.

A pesquisa será transformada em documentário. Cerca de 800 horas de imagens foram produzidas pelo cinegrafista Valter Muniz, que está em fase de captação de patrocínios.

Coroação

A pesquisa arqueológica na cripta imperial revelou que a imperatriz Leopoldina foi enterrada exatamente com a mesma roupa que vestiu na coroação do marido, Dom Pedro I, em 1822 – até com a faixa de imperatriz do Brasil. A informação foi obtida ao comparar as tomografias realizadas no Hospital das Clínicas com um retrato da imperatriz de 1826.

O exame mostrou ornamentos idênticos aos da pintura. “O tomógrafo fatiou a imagem para que só aparecesse o bordado com fios de ouro e prata. Comparando com o retrato, entendemos que era a ‘carteira de identidade’ de Leopoldina”, conta o diretor do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) Carlos Augusto Pasqualucci. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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