São Paulo
– Os policiais que investigam o assassinato do juiz das Execuções Criminais de Presidente Prudente, José Antônio Machado Dias, ocorrido na noite de anteontem, não descartam nenhuma hipótese, mas as pistas colhidas até agora revelam que a autoria do crime está mais para o Primeiro Comando da Capital (PCC) do que para o traficante Luiz Fernando Da Costa o Fernandinho Beira-Mar.O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, chegou ontem à sede do Tribunal de Justiça, em São Paulo, onde foi velado o corpo de José Antônio Machado Dias. Também foi registrada a presença do governador Geraldo Alckmin no local, onde estiveram a prefeita Marta Suplicy, o vice-governador, Cláudio Lembo, entre outras personalidades. O juiz era do tipo “mão pesada” com os presos e contava com a antipatia de praticamente toda a população carcerária. Era dele a responsabilidade de apreciar recursos dos condenados que cumprem pena, além de ser o corregedor das cadeias da região, incluindo aí a de Presidente Bernardes, considerada de segurança máxima, e que abriga os principais líderes do PCC e Fernandinho-Beira-Mar. O crime está sendo investigado pelas Polícias Civil, Militar e Federal, com o acompanhamento direto de três promotores de Justiça de Presidente Prudente.
Policiais do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) da capital, liderados pelo delegado Rui Ferraz Fontes, que investigam as ações do PCC e que conseguiram recentemente desarticular o comando da facção -, também estão participando ativamente da apuração. O que se tem certeza até agora é que o assassinato não foi um crime pessoal, mas simbólico, contra o Estado. A participação de Fernandinho Beira-Mar não é descartada, pela força que o traficante tem demonstrado desde que foi preso.
A desconfiança que recai sobre o PCC faz a polícia acreditar que os autores do atentado levaram em conta a presença de Beira-Mar na cadeia de Presidente Bernardes para a prática do crime. Certamente, ele seria considerado suspeito. “Podem ter usado as costas quentes do Beira- Mar”, disse fonte do governo.
O presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, Carlos Miguel Aidar, atribuiu o assassinato do juiz corregedor Antônio José Machado Dias à quadrilha do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.
TJ pede proteção 24 horas a juízes
São Paulo
– O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador César Augusto Nigro Conceição, anunciou ontem que todos os juízes corregedores dos presídios do Estado de são Paulo passarão a ter segurança 24 horas, e que irá exigir reforço de segurança em todos os prédios das varas de execuções criminais. As medidas são uma resposta ao assassinato do juiz corregedor da região de Presidente Prudente, Antônio José Machado Dias, de 47 anos, ocorrido na noite de sexta-feira, quando saía do fórum. O presidente do TJ anunciou ainda a transferência da Corregedoria de Presidente Prudente para São Paulo e que a partir de agora será mantido o sigilo da autoria das decisões judiciais proferidas na área de execuções criminais. “Se alguém tiver interesse em verificar o processo, terá que ser identificado e terá o seu nome anotado para eventual apuração”. Segundo Nigro, qualquer outro fato semelhante ocorrido em outra Corregedoria implicará na transferência imediata da corregedoria para São Paulo.Nigro acha por enquanto temeridade ligar o assassinato ao PCC ou à Beira-Mar.