O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, defendeu nesta quinta-feira (14) a divulgação em detalhes, pelo Portal da Transparência (www.portaldatransparencia.gov.br), do destino do dinheiro sacado com os cartões corporativos usados por ministros e outros funcionários públicos federais. Ao mesmo tempo, porém, defendeu o sigilo de algumas informações referentes à segurança do presidente da República e da família dele. Bernardo reconheceu que o governo falhou ao se limitar a divulgar as informações na internet, sem fiscalizar para evitar os desvios. Os gastos com o cartão somaram R$ 75,6 milhões em 2007 – mais que o dobro de 2006 (R$ 33 milhões). Do montante gasto por ministros e funcionários públicos com o cartão, mais da metade (R$ 45 milhões) foi sacada em dinheiro.
Segundo ele, o sistema de informática precisa ser alterado para que cópias das notas fiscais das compras feitas com o dinheiro sacado com os cartões da administração federal fiquem disponíveis para quem quiser consultar a página na internet. Para Bernardo, o funcionário que usa o cartão para retiradas "está usando inadequadamente, é um resquício da época da conta B". O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão referia-se ao mecanismo usado antes dos cartões para despesas emergenciais. "Precisamos alterar nosso sistema para mostrar o que foi feito com o saque. Precisamos evoluir para o que for sacado ter a prestação de contas na internet", afirmou, no programa de rádio Bom Dia, Ministro, coordenado pela Radiobrás. Atualmente, o portal detalha apenas os dispêndios que foram feitos com os cartões e, no caso dos saques, informa apenas o valor e o servidor público federal responsável, sem indicar o destino do dinheiro.
Apesar de defender mais transparência nas retiradas, Bernardo disse ter "dúvidas" sobre a divulgação de alguns dados, como "o nome do açougue onde se compra a carne servida no Palácio da Alvorada". O ministro do Planejamento e Orçamento lembrou que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, comeu churrasco no Alvorada e disse que, provavelmente, a segurança dele não gostaria de saber que é público o nome do açougue onde a carne é comprada. Bernardo comentou a iniciativa do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obter dados dos gastos do gabinete do presidente. "Quando a oposição diz que quer saber quanto foi gasto com segurança, somos plenamente favoráveis a que seja divulgado. Aliás, isso já é divulgado no Sistema Integrado de Informação Financeira (Siafi). Agora, querer saber a placa do carro do segurança para verificar se aqui corresponde, eu sou contra. É um absurdo. Imagina se na Itália alguém vai deixar divulgar esse tipo de coisa. Nos Estados Unidos, se alguém perguntar, dá até processo. Se você quer saber determinados detalhes, como onde mora o segurança, não tem como saber", disse.
