Com a volta, a partir da próxima segunda-feira (12), das atividades da maior parte das empresas que deram férias coletivas a seus empregados, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, fez um apelo após se reunir com dirigentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “Fizemos um pedido à Fiesp para que dê uma ‘acalmada’ nos empresários e que não demitam na segunda. O objetivo é que tenhamos um acordo que segure um pouco para que se discuta com os sindicatos antes de demitir”, disse. “A impressão é que teremos uma enxurrada de demissões, até um tsunami”, acrescentou. Paulinho acredita que as dispensas possam até superar sua previsão inicial, de três milhões de desempregados.
Na próxima terça-feira, trabalhadores e empresários voltarão a se reunir na Fiesp para discutir os termos de uma proposta que os sindicatos estariam dispostos a aceitar para evitar o desemprego. Entre as alternativas estão férias coletivas, licença remunerada, banco de horas, redução de jornada de trabalho e de salários e suspensão temporária do contrato de trabalho. Paulinho alertou, no entanto, que a formalização de acordos nesse sentido terá de ser feita empresa por empresa, com a concordância de cada sindicato. “Além disso, não aceitamos mexer com os direitos dos trabalhadores. Vamos trabalhar dentro do que a lei permite, no sentido de evitar demissões. Não aceitaremos discutir nada fora da legislação”, declarou. Também serão convidados para participar da reunião representantes do Ministério Público do Trabalho, da justiça trabalhista e o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que a queda da demanda, em função da crise financeira internacional, já atinge vários setores e empresas, mas ressaltou que os empresários também estão em busca de alternativas. “A última coisa que o empresário quer é demitir. É como desfalcar uma orquestra”, comparou. Em outubro, o indicador da Fiesp que mede o emprego nas indústrias do Estado de São Paulo apurou que houve dez mil demissões; em novembro, foram mais 34 mil. A projeção, segundo ele, é que o mês de dezembro, cujos números ainda não foram divulgados, siga a tendência.
Paulinho destacou que a obtenção de um acordo entre trabalhadores e empresários terá como principal objetivo minimizar os efeitos da crise no primeiro trimestre do ano. “A impressão que eu tenho é que a crise é muito grave, e que, mesmo com o acordo, não vamos conseguir salvar todos”, admitiu.