A entrevista coletiva para negar que a quadra da escola de samba Estação Primeira de Mangueira tinha uma passagem secreta usada por traficantes acabou confirmando a existência de um acesso direto entre uma casa da comunidade e o mais luxuoso camarote da agremiação. Ao tentar registrar a parte externa da casa junto à escola, jornalistas se depararam com um homem armado com fuzil, que advertiu para que eles não filmassem ou fotografassem a favela.
A revelação complicou ainda mais a situação da escola, no dia em que o chefe da Polícia Civil, Gilberto Ribeiro, acusou a Mangueira de ligação com o tráfico de drogas e disse que a prova é a presença constante, na quadra, do traficante foragido Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, um dos compositores do samba que a escola apresentará no carnaval.
A direção da escola disse que o mestre de bateria afastado, Ivo Meirelles, comandou as obras dos quatro camarotes. ?A casa foi comprada pelo Ivo para servir como depósito de instrumentos no segundo semestre de 2007. Há três meses, a escola tirou as portas e cimentou as duas entradas da casa. Nunca houve passagem secreta?, disse o diretor de Projetos Esportivos da Mangueira, o deputado estadual Francisco Manoel Carvalho, o Chiquinho da Mangueira (PMDB). Porém, além da janela da casa de quatro cômodos, uma passagem para as caixas d?água do camarote torna fácil o acesso ao camarote pelas lajes dos barracos vizinhos. A polícia vai chamar Meirelles para prestar esclarecimentos. Procurado, ele não quis comentar o assunto.