Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil |
O líder do PTB, José Múcio, após encontro com Lula. Partido do ex-deputado Roberto Jefferson de novo negocia com o PT. |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu fazer ontem um apelo aos representantes dos partidos aliados com os quais tem conversado nos últimos dias: que segurem a ansiedade a respeito do espaço que cada um vai ocupar no governo. Lula tem repetido que não escolherá o ministério neste mês e que não deverá anunciar a equipe de uma vez só, mas por conta-gotas, porque sabe que as escolhas vazarão mesmo.
Ao receber ontem o governador eleito do Paraná, Roberto Requião (PMDB), o senador José Maranhão (PMDB-PB) e o líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), em audiências separadas, Lula repetiu que todo mundo terá espaço no seu governo. Mas não quer ver ninguém ansioso. Até informou que a partir de agora pretende fazer uma reunião mensal com os partidos aliados para ouvi-los sobre o que ocorre no Congresso e suas reivindicações. ?Isso é muito bom para aproximar o governo da base. Sempre defendemos isso?, disse José Múcio.
De acordo com informação de auxiliares do presidente Lula, ele não pretende fazer com que sua equipe renuncie coletivamente, para abrir espaço aos novos aliados que chegarem. Aos poucos, Lula dirá a cada um deles que pretende mantê-lo no cargo ou dispensá-lo. Neste último caso, agradecerá pela dedicação. Também hoje auxiliares de Lula reafirmaram que o PT perderá espaço no governo.
Essa redução da cota de petistas no governo, no entanto, não será do tamanho que os aliados querem. Um outro assessor do presidente da República chegou a brincar com o assunto. Disse que se o governo decidir atender aos partidos aliados da forma como estão reivindicando espaço, Lula terá de criar pelo menos mais 30 ministérios.
Pelo menos da boca para fora, parlamentares petistas dizem que a decisão está nas mãos do presidente e se mostraram conformados em perder espaço, em nome da governabilidade. Para o deputado Arlindo Chinaglia, a escolha dos ministros é exclusividade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
?Não tenho qualquer opinião sobre isso. O presidente Lula vai montar o ministério que achar apropriado para fazer o melhor governo, independente da quantidade de ministros que será do PMDB ou de outro partido?, afirmou. ?Como o presidente já disse que vai conversar com outros partidos, dependerá dele abrir essa conversa com os partidos ou não. Aí caberá ao PT dar sua opinião Mas isso, por enquanto, é apenas uma hipótese. É presumível que ele faça, mas isso, que eu saiba, ainda não aconteceu,? acrescentou. Segundo ele, o mais importante é que o PMDB permaneça como base de apoio do governo na Câmara e no Senado. ?Essa questão é fundamental.?
O deputado José Eduardo Cardozo seguiu na mesma linha. ?Acho que o presidente Lula tem total liberdade para compor sua equipe partindo das premissas da competência e da sustentação política do governo?, afirmou. Para ele, o PT tem o dever de apoiar o governo, independente de concordar ou não com os nomes que vierem a ser indicados pelo presidente. ?O presidente é do nosso partido e com certeza fará aquilo que entende por melhor para dar sustentação ao governo. De nada adiantará o PT ter cargos em um governo se o governo não tiver sustentação. Nosso objetivo principal é fazer com que o governo dê certo?, opinou.