O Parlamento do Mercosul já está em pleno funcionamento. Tomaram posse ontem, em Montevidéu, os 81 deputados e senadores indicados pelos cinco países que compõem o bloco – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Em seguida, foi eleito presidente o senador paraguaio Alfonso González Núñez, que já exercia interinamente a presidência após a realização, em dezembro, da sessão especial de constituição do novo parlamento, em Brasília.
Além de Núñez, foram escolhidos para compor a mesa diretora quatro vice-presidentes, cada um por um dos demais países – além do Paraguai – que integram o bloco. Foram eles o deputado Alberto Balestrini, pela Argentina; o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), pelo Brasil; o deputado Roberto Conde, pelo Uruguai; e o deputado Saúl Ortega, pela Venezuela. Dos cinco países, quatro enviaram delegações de 18 parlamentares cada; apenas a Venezuela indicou somente nove deputados.
Ainda será definida a extensão do mandato de González Núñez à frente do parlamento. Uma decisão nesse sentido pode ser tomada durante a sessão de hoje do Parlamento do Mercosul, quando também estarão em pauta temas como o estabelecimento de uma comissão para analisar o regimento interno do novo órgão.
Pela manhã, durante uma reunião preparatória, a delegação brasileira havia decidido apoiar uma candidatura uruguaia para a presidência do parlamento. O presidente da delegação, senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), defendeu o apoio a um candidato uruguaio ao lembrar que o novo órgão está em fase de instalação e que a sede do parlamento será em Montevidéu. Como neste primeiro semestre o Paraguai exerceria a presidência pro tempore da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul, agora substituída pelo parlamento, Zambiasi considerou justa a reivindicação paraguaia de pelo menos comandar o novo órgão até o final de junho. Em seguida, então, assumiria o presidente uruguaio.
Depois disso, porém, a delegação paraguaia – com o apoio da Argentina – pressionou para que Núñez fosse confirmado presidente do Parlamento do Mercosul já nesta segunda-feira e que somente depois se discutisse a extensão total de seu mandato. Ele tanto poderá permanecer até junho como até dezembro.
Em seu discurso de posse, Núñez disse que o Parlamento do Mercosul se estabelece em um ?momento crucial? para o bloco, em que ?ameaças reais que escurecem o horizonte envolto em constantes turbulências impedem a consolidação de uma integração real e eqüitativa?. Pediu, em seguida, que se ?descongele? o Mercosul e que se corrijam as ?assimetrias? a seu ver existentes entre os sócios.