Foto: Agência Brasil

Goldman: um tiro.

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O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), condenou ontem a criação de eventuais comissões parlamentares de inquérito (CPIs) que possam abrir espaço, no Legislativo, para o debate eleitoral e "encurralar" políticos. Calheiros fez essa declaração em resposta a uma pergunta sobre a criação da CPI das Privatizações, decidida anteontem pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).

"A CPI das Privatizações não é aqui no Senado. Por favor, o endereço dessas loucuras não é aqui no Senado", declarou, numa crítica a Rebelo. "Sou contra qualquer coisa que signifique abrir um espaço para um debate político-eleitoral para encurralar correntes. Isso atrapalha muito o processo político, seja de que lado for; o que precisamos é discutir idéias, e não encurralar uns ou outros", disse.

Já o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Alberto Goldman (SP), informou que será um dos indicados pelo partido para a CPI das Privatizações, criada anteontem. Ele afirmou que é favorável à criação da CPI, mas ressaltou que a comissão pode significar "um tiro no pé do governo", porque, ao investigar as privatizações em todos os setores, pode espantar os investidores do país. "Da nossa parte, a CPI não tem nenhum problema. Por parte do governo, cria uma situação com os investidores", afirmou o deputado. A comissão vai investigar o processo de privatização de estatais no período de 1990 a 2002. Foi criada a partir de requerimento apresentado em 2003 pelo deputado José Divino (PMR-RJ).

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato a presidente, afirmou que não houve irregularidades nas privatizações de estatais conduzidas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de dizer que não vê motivos para não se investigar esses processos, caso fosse constatada alguma ilegalidade. Sobre a recém-criada CPI das Privatizações, Serra pediu que não seja desviado o foco de "questões que têm abalado o País?.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato a presidente, disse não considerar "adequado" que a CPI das Privatizações, que investigará a venda de estatais dos governos dos ex-presidentes FHC, Itamar Franco e Fernando Collor de Mello, transforme-se em "objeto de luta política". "Só porque tem uma CPI contra um, tem de fazer contra outro? Isso, não. Por que não fez antes, mas só agora?", indagou.