Um movimento criado por deputados está tentando garantir aos parlamentares o mesmo reajuste de 15% concedido aos funcionários do Legislativo, o que elevaria os seus vencimentos de R$ 12.720 para R$ 14.628 mensais.

O reajuste dos servidores foi garantido ontem pelos presidentes da Câmara Federal, deputado João Paulo Cunha (PT/SP), e do Senado, José Sarney (PMDB/AP), que assinaram ato das Mesas Diretoras das duas Casas concedendo o benefício a partir de 1.º de novembro.

O presidente do Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindilegis), Ezequiel Nascimento, revelou que tem sofrido pressões de parlamentares para que a entidade defenda que o reajuste seja estendido também aos deputados e senadores. “Eles dizem que estão endividados, que estão na pindaíba, ganhando mal diante de tantos compromissos financeiros que têm. Basicamente, o argumento é o mesmo de um pai de família que ganha salário mínimo”, ironizou.

O líder do Governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), disse que não tem conhecimento das “pressões” dos parlamentares pelo reajuste. Segundo ele, o assunto aumento de salário não está sendo discutido, porque não é o momento. “Nós temos é que pensar nas votações”, afirmou o líder.

Pressões

O problema é que os deputados votaram menos de 10 matérias nos últimos quatro meses. A obstrução da oposição e as eleições foram os motivos para a falta de votação. A Câmara tem 21 medidas provisórias trancando a pauta e até segunda-feira (dia 8) o número subirá para 23.

Reação

Além do vice-presidente do PFL, senador José Jorge (PE), alguns deputados do PFL criticaram ontem a pressão de parlamentares para aumentar seus salários no fim do ano.

O vice-presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), disse que o Congresso está praticamente parado há três meses e não cai bem discutir aumento salarial agora. Segundo ele, o reajuste de 15% que deve ser dado aos servidores do Congresso tem por objetivo compensar as perdas desses funcionários, e não dos parlamentares.

“De jeito nenhum. Não é o momento. Se você fizer a coisa certa no momento certo, a chance é de dar certo. É a coisa errada no momento errado. A instituição não está bem, há três meses não votamos. Há na Câmara uma posição de não dar o aumento. Aumento de salário é só por meio de lei e no início de legislatura”, afirmou.

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