Em depoimentos emocionados, cerca de 40 parentes de vítimas dos acidentes da Gol e da TAM cobraram nesta segunda-feira (17) ações mais efetivas do poder público e exigiram a saída do presidente da Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi. Apesar da pressão por sua saída, defendida inclusive por integrantes do governo, Zuanazzi insiste em ficar no cargo, beneficiado pelo fato de que tem mandato e não pode ser demitido. Em audiência pública da CPI do Apagão Aéreo da Câmara, os parentes também pediram mais agilidade das empresas no pagamento das indenizações e na assistência às famílias.
"O senhor Zuanazzi envergonha os gaúchos. Se o senhor for digno, peça demissão", cobrou o advogado Luiz Moisés, que perdeu a mulher, Nádia, de 32 anos, no acidente com o Airbus da TAM, em 17 de julho. Moisés apontou as responsabilidades da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) "que se preocupa mais em fazer dos aeroportos shopping centers do que com a segurança das pistas" e da Anac, "que deveria fiscalizar e pelo visto não faz nada".
Os parentes das vítimas do acidente da Gol reclamaram por nunca terem sido recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar do pedido de audiência enviado em janeiro. As famílias cobraram apoio das autoridades e pediram a criação de um juizado e um tribunal especiais para casos de grandes tragédias, como os acidentes da Gol e da TAM. Por essa proposta, o tribunal seria responsável por decisões mais ágeis, inclusive para o pagamento de indenizações.