No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do ano passado, as escolas estaduais “adotadas” pela iniciativa privada tiveram desempenho muito parecido com aquelas que não contam com esse tipo de apoio. Levantamento feito pela reportagem indica que a nota média das 23 escolas com parcerias vigentes em 2009, segundo lista publicada pela organização social Parceiros da Educação, foi só 0,9% maior do que a pontuação média no Enem das outras 2.833 unidades da rede estadual – sem contar colégios técnicos.

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Numa escala de zero a mil, as escolas com ajuda da iniciativa privada ficaram com 535,38 pontos e as demais, com 530,53. Sem parceria, a José Monteiro Boanova, no Alto da Lapa, obteve o melhor desempenho no exame entre os colégios estaduais da capital, com 599,98 pontos.

Em segundo, com 594,97 pontos, ficou a Brasílio Machado, na Vila Mariana, que conta com ajuda financeira de um escritório de advocacia. Outras escolas com apoio privado, porém, não se destacaram no Enem. A Orestes Guimarães, que fica no Canindé e é apadrinhada por uma construtora, somou 474,33 pontos.

Desde 2005, empresas podem adotar uma escola estadual. De 2009 para 2010, o número de parcerias aumentou 40%, segundo a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), braço da Secretaria Estadual da Educação que coordena os acordos. Atualmente, em 96 escolas estaduais com apoio da iniciativa privada, estudam 85,7 mil alunos, ou 1,7% dos cerca de 5 milhões de estudantes da rede.

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“É um exercício muito difícil e recente”, afirma Ana Maria Stuginski, responsável pelas parcerias na FDE. Ela diz que o Estado mantém o compromisso em investimento educacional e que o acordo é uma porta para os empresários exercerem a responsabilidade social. De acordo com Stuginski, o desempenho no Enem depende de outros fatores e ela defende que a parceria serve para o colégio estadual dar um “salto positivo”.