A cidade de Paraty (RJ) foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como patrimônio da humanidade. É a primeira vez que um local é declarado patrimônio misto – cultural e natural – na América do Sul. O reconhecimento se estende a Ilha Grande e uma extensa área preservada de mata atlântica na Serra da Bocaina.

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A decisão ocorreu na 43ª reunião do Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco, realizada nesta sexta-feira, 5, em Baku, capital do Azerbaijão. A reunião vai até a próxima quarta-feira, dia 10. Paraty já teve uma candidatura a patrimônio cultural recusada em 2009.

Ao mesmo tempo em que recebe o título internacional, a cidade fluminense vê sua beleza ameaçada por problemas urbanos, como violência e falta de saneamento. Outras atrações históricas e naturais do Brasil – que já têm o título da Unesco – também convivem com o abandono do poder público.

Em Paraty, a baixa cobertura de saneamento e a violência urbana foram os entraves nas outras duas vezes em que a cidade tentou o reconhecimento internacional (em 2004 e 2009). A cobertura de esgoto era de pouco mais da metade da população (56,4%) em 2010, segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já a taxa de homicídios era de 60,9 por 100 mil habitantes, segundo o Mapa – uma das 50 mais altas do Brasil.

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A secretária de Cultura de Paraty, Cristina Maseda, reconheceu os gargalos urbanos, mas ressaltou os benefícios que o reconhecimento proporcionará. “Um título como esse abre portas importantes para resolver problemas que não conseguimos, como os de saneamento e violência. Abre possibilidades de financiamentos nacionais e internacionais”, afirmou.

Outro problema da última candidatura, segundo os consultores da ONU, foi o caráter pouco abrangente da proposta. Agora, além do centro histórico, foram incluídos atrativos naturais. Entram no pacote as unidades de conservação da Serra da Bocaina, Ilha Grande, Praia do Sul, Cairuçu e o Morro da Vila Velha. São 149 mil hectares abrangendo seis municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro, sendo a maior porção em Paraty e Angra dos Reis. Abriga ainda terras indígenas, quilombolas e comunidades caiçaras. (Com agências internacionais).

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