O esquema de corrupção desmantelado pela Operação Dominó em Rondônia tinha um núcleo estruturado na Assembléia Legislativa, com rígida hierarquia, para operar a rede de influência nos demais poderes, negociar sentenças, dividir favores e garantir impunidade mútua. As investigações da Polícia Federal constataram que no topo da organização estava o presidente da Assembléia, deputado José Carlos de Oliveira (PSL) o ?Carlão?, auxiliado por parentes e operadores da sua confiança colocados nos cargos estratégicos da instituição. ?Ele atua como um verdadeiro capo, ou chefe mafioso?, diz o relatório da operação.
Conhecido como ?Carlão 38?, por seu suposto envolvimento com pistolagem, o deputado tem uma extensa folha corrida que envolve mais de 20 processos e inquéritos policiais por crimes diversos.
Mas o grosso das ações contra ele refere-se a desvio de dinheiro público nas funções que exerce desde que entrou na política, em meados da década de 90. Por conta de um golpe de cerca de R$ 4 milhões contra o erário público, ele teve parte dos seus bens bloqueados desde 2005 pelo Ministério Público.
Esse bloqueio está no centro do jogo de chantagem, pressão e negociações de sentença que Carlão e seus operadores deflagraram com os dirigentes do Judiciário e do Ministério Público. Carlão passou a exigir a liberação dos seus bens para aprovar o projeto de lei sobre os vencimentos das duas corporações, aprovado este ano, com aumentos de quase 100%.
Paranaense de Guarapuava, 52 anos, dois filhos, primeiro grau incompleto, Carlão tem um patrimônio estimado pela PF de mais de R$ 20 milhões, parte em seu nome e o restante diluído em nome de familiares e laranjas. Ele chegou há pouco mais de vinte anos ao estado como um aventureiro de posses modestas e construiu fortuna depois que se aliou às oligarquias políticas locais, desde 1994.