Ir ao trabalho de transporte público não foi uma opção quarta-feira, 15, para cerca de 2,5 milhões de pessoas em São Paulo, segundo estimativas da Prefeitura. Às 4h40, nenhuma das entradas de metrô estava aberta. Elas começaram a ser liberadas por volta das 6h30. E os ônibus só saíram das garagens a partir das 8 horas. Foi quando muitos paulistanos recorreram ao celular.

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Em meio à paralisação, os aplicativos de transporte individual privado tornaram-se uma das principais opções de deslocamento. Pelo menos três empresas registraram aumento na demanda quarta-feira, 15: Uber, Cabify e Easy Taxi. Houve até quem foi surpreendido pela paralisação e precisou usar o serviço pela primeira vez. “Pararam até a escola”, reclamou a ajudante de cozinha Ana Maria Fernandes, de 25 anos. Ela deixou o filho com o padrasto e saiu na madrugada do Capão Redondo, na zona sul, mas às 5h20 ainda estava no Terminal Santo Amaro. “Meu patrão pediu que eu pegasse Uber”, contou Ana.

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Moradora da Vila Carrão, na zona leste, a administradora Flávia Souza, de 30 anos, teve de acordar uma hora mais cedo e pedir um carro do Uber para fugir do trânsito e não chegar atrasada ao trabalho em Santa Cecília, na região central. “Uma amiga foi até a minha casa, às 6 horas, e nós dividimos uma corrida até o trabalho.”

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Na Easy Taxi, o número de chamadas aumentou 230% das 5 às 11 horas, em comparação com o mesmo período do dia anterior. O aplicativo ofereceu até R$ 15 de desconto em cada corrida. Já o Cabify informou que a demanda mais do que dobrou e deu até R$ 20 de desconto por causa do Dia do Consumidor. Mesmo o Uber, que não realizou promoções, também relatou aumento de chamadas. A empresa, porém, não informou o porcentual de crescimento da procura pelo serviço.

Mesmo com carro particular, a viagem não foi fácil. A capital registrou recorde de lentidão do ano no período da manhã, com 201 quilômetros de vias engarrafadas às 9h30, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). O índice de trânsito ficou acima da média na cidade das 7 horas até as 14h30. Com a normalização gradativa de linhas, às 19 horas a cidade tinha 115 quilômetros de vias congestionadas, número abaixo da média para o horário, que é de 126 quilômetros.

Multa. A Prefeitura de São Paulo informou que cobrará judicialmente a aplicação de uma multa de R$ 5 milhões aos sindicatos envolvidos na paralisação. Da mesma forma, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) solicitou à Justiça do Trabalho cobrança de multa de R$ 100 mil contra o sindicato dos metroviários e não pagará o ponto dos faltosos.

A greve contrariou uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho concedida terça-feira, 14, que obrigava o sindicato a manter efetivo de 100% da frota nos horários de pico, das 6 às 9 horas e das 16 às 19 horas, e de 70% nos demais horários. Durante todo o dia, apenas as Linhas 5 e 4 (operada por uma concessionária) tiveram operação normal. Nas linhas 1, 2 e 3, havia estações fechadas – sobretudo nas pontas da rede, como foi o caso de Barra Funda e Itaquera.

Segundo o prefeito João Doria (PSDB), até 30% dos funcionários da rede pública municipal de saúde encontraram dificuldade para chegar a unidades, que tiveram o funcionamento afetado. Mas o Município informou que não deverá cortar o ponto dos trabalhadores públicos envolvidos ou não com a paralisação. “Excepcionalmente. Há legitimidade para o protesto, mas não pode causar esse prejuízo”, disse ele, que pediu a empresários que repitam o gesto de evitar cortes ou punições aos que faltaram ao expediente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.