Todos os 170 municípios do semiárido paraibano – 76% do total de 223 municípios – se encontram em situação de emergência devido à estiagem que afeta 2,6 milhões de pessoas no Estado. A falta de chuvas provocou a perda de 85% das plantações de pequenos agricultores e fez despencar o valor do rebanho.
O secretário estadual da Agricultura Familiar, Alexandre Eduardo, destaca a gravidade da situação ao lembrar que 87% das propriedades da Paraíba vivem da agricultura familiar. “Neste ano a grande maioria dos agricultores não irá colher feijão, milho, arroz, macaxeira, batata doce, jerimum”.
O quadro fica ainda mais grave na região do Cariri – que engloba 56 municípios – devido à praga da cochonilha-do-carmim que destruiu mais de 90% das plantações de palma, principal suporte forrageiro dos animais em tempos de seca. “O preço do gado já caiu 50% porque começa a perder peso e o valor comercial”, afirmou o secretário. “O pequeno criador que leva o seu animal para vender na feira, muitas vezes traz de volta para casa o animal que não vai ter como alimentar”.
De acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa), o nível de chuvas na região do semiárido paraibano está 65% inferior ao registrado no ano passado. Em muitos dos municípios não houve registro de chuvas neste ano – o período chuvoso da área vai de fevereiro a maio. Dos 121 reservatórios d’água do Estado monitorados pela Agência, nove estão com volume inferior a 20% de sua capacidade. A decisão de estender a emergência para todo o semiárido da Paraíba foi tomada terça-feira pelo governador Ricardo Coutinho (PSB), a fim de agilizar a liberação dos recursos federais anunciados para o combate à seca no Nordeste, a exemplo do Bolsa Estiagem e liberação de crédito agrícola.