Um milhão de pessoas, segundo o Comando da Polícia Militar, cobriram a Avenida Paulista de bandeiras e bexigas com as cores do arco-íris, na 7.ª edição da Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) – um dos maiores eventos homossexuais do mundo, superando cidades como Paris e São Francisco. Com termômetros marcando 27 graus, o sol brilhou para receber a multidão, que começou a chegar por volta de meio-dia e às 14h já lotava o maior cartão-postal da cidade. Em 1997, a parada teve 500 participantes.
A Companhia de Engenharia de Tráfego interditou de manhã a pista sentido Paraíso-Consolação, mas por causa da multidão, que superou a expectativa inicial de 800 mil pessoas, teve de interditar, à tarde, também a outra pista. O evento mais uma vez recebeu a prefeita Marta Suplicy (PT), uma das grandes defensoras de projetos voltados para homossexuais, e do presidente nacional do PT, José Genoino, que dançavam lado a lado à frente do trio elétrico número 10, da Prefeitura.
Marta era a mais animada do trio elétrico, mostrando que se depender dela, o tema adotado como causa pela organização da parada – construindo políticas públicas homossexuais – deve se concretizar. Ela foi aplaudida em todo o trajeto. No mesmo carro, mas um pouco escondido, o marido da prefeita, Luiz Favre, apesar de mostrar certa timidez, ensaiava alguns passos.
Animação
Johny Luxo e o estilista Alexandre Hercovitch estavam no carro da prefeita. Leão Lobo e Elke Maravilha vinham animadíssimos dançando ao som de As Frenéticas: “Abra suas asas/solte suas feras/ caia na gandaia/ entre nessa festa”. O som na maioria dos carros, porém, era de música eletrônica. No desfile, um grupo de mulheres chamava a atenção, em motos Harley Davidson. A maioria dos participantes exibia faixas com pedidos como respeito, tolerância e compreensão e camisetas com frases como “Juntos somos mais fortes”.
Os trios elétricos estavam mais caprichados. O Massivo levou para a avenida um dragão chinês com 35 metros de comprimento. E o Bar Hertz exibia um carro alegórico com um leão dourado e vermelho.
Wladimir Freire liderava um grupo gay que divulgava a Igreja Acalanto. Segundo ele, é a primeira igreja gay do Brasil com cultos realizados aos domingos. “Ainda estamos procurando uma sede. A igreja não faz distinção entre homossexuais e heterossexuais, e já existe há um ano.”