O senador Tião Viana (PT-AC) previu "uma sessão difícil" para a votação do Orçamento esta tarde, como reflexo do confronto entre oposição e governo durante a votação da medida provisória da TV Pública, nesta madrugada. Viana contou que, no auge dos tumultos, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), chegou a cogitar a possibilidade de renunciar ao cargo. Tião Viana, que é vice-presidente do Senado, disse que sentou ao lado de Garibaldi para apoiá-lo.
"Houve um excesso de truculência de uma minoria sobre uma maioria. Os oposicionistas não aceitaram a derrota. Houve descontrole", disse o senador. Ele lembrou que a troca de agressões era permeada com palavras como safadeza e malandragem, usadas pela oposição. Na avaliação de Tião Viana, a reação da base governista, que retirou na última hora uma medida provisória para viabilizar a aprovação da MP da TV Pública, é reflexo da rearticulação do governo no Senado.
Essa rearticulação, segundo ele, começou na segunda-feira, com um encontro da bancada do PT com o presidente Lula, e foi reforçada ontem na reunião do Conselho Político de Coalizão. Na reunião, o presidente Lula fez apelos enfáticos e contundentes para que a base reagisse à oposição. "A oposição estava tomando a condução do processo legislativo", afirmou. Na sua opinião, na sessão de ontem, o líder do governo, Romero Jucá(PMDB-RR), teria agido de forma dura e menos flexível com os oposicionistas do que nas vezes anteriores. "O governo não estava reagindo no Senado", afirmou.
Para o senador, governo, quando tem maioria, tem que usá-la. Ele lembrou que o deputado Luiz Eduardo Magalhães, que morreu em 1998, chegava a comentar para a oposição, na época em que era líder do governo, como forma de alertar que colocaria a maioria parlamentar em plenário: "Hoje vou ‘tratorar’ vocês".