O candidato da Grande Aliança a presidente, José Serra (PSDB-PMDB), disse hoje, em discurso para líderes políticos em Belo Horizonte, que um ?presidente tem de administrar contrariando, enfrentando interesses?. Segundo Serra, ?governar não é ficar na base do paz e amor, da música agradável e do frufru televisivo?.
?Não se governa com ?fru-fru?, não tem jeito.? Ele criticou, indiretamente, o candidato da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PC do B-PCB-PMN).
Serra voltou a afirmar que tem ?uma cara só?, numa observação disfarçada a Lula. ?Eu apresento-me nessa campanha como me apresentei e vou continuar me apresentando: com uma cara só?, disse. ?Eu não tenho uma voz para o mercado financeiro, outra para os empresários da indústria, outra para o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), outra para a CUT (Central Única dos Trabalhadores), ou para a CGT (Central Geral dos Trabalhadores), ou para a Força Sindical.?
O candidato da Grande Aliança ainda fez críticas à aproximação do candidato da Coligação Lula Presidente com os militares.
?Eu não fiz uma palestra para os militares de conveniência, como outros candidatos têm feito?, afirmou.
Sobre as insinuações que teriam sido feitas por petistas de que o Banco Central (BC) estaria deixando o câmbio oscilar de forma descontrolada para favorecer a candidatura dele, Serra, novamente, acusou o PT de ter ?muitas caras?. ?Qual dos PTs (disse isso)??, questionou.
?Depende porque eu ouvi um economista do PT, o Guido Mantega (assessor econômico de Lula) dizer que o Banco Central está atuando direitinho. Como o PT tem muitas caras, a gente nunca sabe qual PT disse isso.?
Antes, o candidatod a Grande Aliança havia comentado o assunto, afirmando que ?o Brasil vive problemas sérios, não porque os fundamentos da sua economia sejam frágeis, mas porque são frágeis os conhecimentos e as expectativas da economia internacional?. ?Não se justifica uma crise do dólar como temos hoje em circunstâncias que o superávit comercial está crescendo, o déficit público está sob controle, a inflação está baixa e a política econômica é levada por gente competente. Mas está acontecendo.?
Serra fez ainda insinuações sobre o preparo do candidato da Coligação Lula Presidente. ?É muito importante, ao elegermos um presidente da República, que nós pensemos não apenas no mundo publicitário, que transmite algumas idéias a respeito do Brasil, mas que nós pensemos como os problemas que têm sido apontados até a exaustão podem ser resolvidos. De que maneira vão ser tomadas essas decisões? Com que experiência está por trás. Qual é o preparo que está por trás. Isso é fundamental?, disse.
?Eu trabaho em equipe, mas eu decido. Meu método de trabalho não é o método de encarar da realidade brasileira, chamar as pessoas ligadas e pedir uma solução.?
Presente ao evento, que reuniu mais de 90 prefeitos, cerca de 40 vereadores e outros líderes no Hotel Ouro Minas, na zona nordeste de Belo Horizonte, o coordenador político tucano, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), afirmou que a campanha de Serra, que havia abandonado os ataques a Lula na publicidade eleitoral gratuita, no entanto, ?responderá?, caso o candidato da Grande Aliança seja alvo de ?acusações?. ?Os programas são decididos dia a dia e são muito dinâmicos; agora, a linha é que sejam programas propositivos e que terão, se necessário, a capacidade de fazer comparações e de responder agressões que venham a ser sofridas.? Veiga negou que tivesse havido discordâncias sobre o rumo da campanha.
Sobre a declaração do candidato da coligação petista dada na terça-feira (24), de que procuraria o PSDB para uma composição num eventual eventual governo dele, Serra preferiu não se comprometer. ?Posso falar pelo meu governo. No meu governo, eu farei abertura para todas as forças que estão de acordo com o nosso programa de mudança e a geração de 8 milhões de empregos.? Questionado sobre se as forças incluiriam o PT, o candidato tucano esquivou-se. ?Acho um pouco cedo para discutir isso. Primeiro, preciso ganhar; depois, a gente vê.?
