O casal de adolescentes acusado de assassinar o jogador de basquete Samuel Rodrigues de Carvalho Campos, em Piedade, interior de São Paulo, planejou o crime, segundo a Polícia Civil. O rapaz de 15 anos e a garota de 17 armaram um plano para atrair a vítima para um parque normalmente deserto, onde o atleta foi atacado pelos dois, recebendo cerca de 30 golpes de faca, no último sábado, 14. Eles ainda atearam fogo ao corpo. Mesmo assim, Samuel teve forças para pedir socorro e foi levado ao Hospital Regional de Sorocaba, onde morreu na madrugada de segunda-feira, 16. O corpo foi sepultado na manhã desta terça-feira, 17.
De acordo com o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, o assassinato foi motivado por ciúmes. A garota saía com os dois rapazes ao mesmo tempo e o autor do crime teria descoberto e decidiu se vingar do rival. Ele convenceu a jovem a marcar um encontro com Samuel no parque, onde ele seria emboscado. No local do crime, a polícia achou uma mochila com duas facas, indicando que o plano envolvia também a garota no ataque à vítima. Na mochila estavam ainda um frasco com álcool e o isqueiro usado para atear fogo ao corpo – a vítima foi queimada viva.
Na versão dada à polícia, o agressor afirma que ele e a namorada tinham marcado um encontro com Samuel para “resolverem” a relação. Segundo ele, a jovem iria terminar com Samuel, mas o jogador teria tentado beijá-la, provocando sua reação. A garota deu versão semelhante, alegando que havia “ficado” só uma vez com o jogador de basquete, mas ele teria insistido em manter a relação. Ela confessou ter dado facadas e jogado álcool na vítima. O delegado acredita que Samuel foi atacado de surpresa, possivelmente pelas costas. Enquanto o agressor e a garota são pessoas franzinas, o rapaz tinha porte atlético, com 2 m de altura.
Ele tentou reagir e lutar contra os agressores, mas perdeu forças devido aos ferimentos. Segundo Carriel, os agressores impuseram grande sofrimento físico à vítima. O casal foi apreendido e levado para unidades da Fundação Casa, em Sorocaba. Os dois podem ficar internados por três anos. A família da vítima chegou a dizer que outro menor teria participado da execução, mas a investigação não apontou indícios disso. A polícia analisa redes sociais e o conteúdo dos celulares da vítima e dos acusados para completar a elucidação do caso. Procurados pela reportagem, familiares dos agressores não quiseram falar. Um advogado foi contatado pela família da jovem, mas ele ainda analisa e vai assumir a defesa.
Comoção
O corpo de Samuel foi sepultado na manhã desta terça-feira, no Cemitério Santo Antonio, em Sorocaba, em clima de comoção. O treinador e os jogadores do time oficial de basquete de Piedade, em que ele jogava com a camisa número 15, compareceram ao velório e todos assinaram a camisa que era usada pela mãe de Samuel, Andrea de Carvalho Campos. O colega de equipe, Igor Crespilho, descreveu o amigo como uma pessoa “amável e generosa”, “um irmão”.