Salvador (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a resistência do governo de São Paulo em aceitar a oferta federal de uso da Força Nacional de Segurança e do Exército. Lula classificou a situação do estado de grave e fora de controle, cobrou atitude dos governantes paulistas. ?Eu acho que a situação é grave porque não estamos enfrentando bandidos comuns. Estamos enfrentando uma indústria do crime. Uma indústria que resolve matar policiais, matar carcereiros, matar pessoas inocentes, queimar ônibus, invadir supermercados?, considerou o presidente.

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Na capital baiana, onde participou da abertura da II Conferência de Intelectuais da África e Diáspora, o presidente disse que a situação em São Paulo é hoje uma das suas maiores preocupações. Apesar de tentar amenizar suas críticas ao governo paulista, o presidente não conseguiu esconder uma certa irritação com as constantes recusas de Lembo em aceitar o uso da Força Nacional. ?Na sexta-feira reiteramos a proposta que já havia sido feita no primeiro atentado. Ele (Lembo) disse que não precisava. Eu parto do pressuposto que ele diz que tem controle?, afirmou o presidente. ?Mas se tem controle não poderia estar acontecendo o que está acontecendo.? Lula cobrou, mais uma vez, que Lembo aceite a ajuda federal. Afirmou que o governo federal não pode fazer nada sem a concordância do governo do estado ou seria intervenção.

O presidente foi irônico ao comentar as declarações do governador paulista de que a situação está dentro do normal e que o próprio governo do Estado pode controlar os problemas causados por facções criminosas. ?Agora, se São Paulo continua achando que a situação está normal, que pode tomar conta da situação, o governo federal não pode fazer nada?, disse.

Mas perguntado se a sua avaliação era de a situação no estado estaria dentro do normal, respondeu: ?Pelo que eu vejo na imprensa, não está normal. Todo dia é a morte de um carcereiro, todo dia é um ônibus queimado. Obviamente isso vai colocando a sociedade em pânico. Eu acho que São Paulo, pelo que representa para o Brasil, merece ser tratada com um carinho especial?.

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Questionado se o problema da segurança em São Paulo não poderia ser afetado pela disputa eleitoral, o presidente mostrou irritação. ?Então vamos criar um País de mudos, porque não se pode falar nada?, reclamou. ?O dado concreto é que os fatos estão existindo. Os bandidos não estão preocupados se vai ou não vai ter eleição. Os bandidos estão aterrorizando São Paulo e nós temos que tomar atitudes. Isso não foi feito no ano passado, retrasado, porque não aconteceu o que está acontecendo hoje.?

Ministro rechaça uso eleitoral

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Brasília (AE) – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, vai hoje a São Paulo reiterar a oferta de envio de tropas federais para ajudarem no combate ao crime organizado. Bastos também criticou o uso eleitoral da crise de segurança de São Paulo por políticos: ?Neste ano eleitoral, reitero a advertência de que essa crise não pode ser objeto de disputa eleitoral nem de guerra política?. Thomaz Bastos disse que é preciso reconhecer que ??as pessoas erram, que as autoridades erram?. E acrescentou: ?Nós precisamos avaliar isso, ver quem tem mais responsabilidade, quem tem menos responsabilidade, onde acertamos e onde erramos, mas é preciso fazer isso de maneira impessoal. Não é possível que, numa situação em que estão morrendo pessoas, isso seja objeto de disputa eleitoral. Este é um ano difícil, mas é preciso que todos os agentes públicos mantenham essa consciência bem nítida. É preciso um trabalho impessoal, para o bem da população, que (a crise) não seja objeto de disputa política nem de troca de acusações.?