Ricardo Stuckert / PR |
Lula: a longa crise não afetou |
São Paulo – Em discurso a empresários do setor industrial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o País vive hoje subordinado a "centenas e centenas" de denúncias, que mentiras e verdades aparecerão e que em meio às investigações não existiu qualquer pedido de "desculpas ou retratação".
Destacando que os pilares da economia não foram afetados pela crise política que se arrasta há 120 dias, Lula disse ainda que o Brasil passa por um momento em que as denúncias aparecem e não se concretizam. "O Brasil vive subordinado a centenas e centenas de denúncias. Eu disse outro dia que as mentiras e as verdades iam aparecer. O povo só precisa ter cautela porque o denuncismo ficou solto quatro, cinco meses. Acho que os deputados estão com dificuldades para apurar a concretude das denúncias. O Brasil vive um momento em que as denúncias aparecem e não se concretizam", disse ele na abertura do ContruBusiness, seminário na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
Segundo Lula, o governo trabalha com muito cuidado para não permitir que a crise venha criar qualquer problema na economia brasileira. Lula evocou saldos da economia para rebater a crise no governo. "Houve poucos momentos na história econômica do Brasil como agora. Porque tivemos uma combinação de fatores tão positivos como estamos tendo agora. Alguém poderia dizer quer o Brasil poderia crescer mais, é verdade. Alguém poderia dizer que os juros poderiam estar mais baixos, é verdade. Mas antes de a gente fazer críticas, precisamos reparar o que está acontecendo na economia brasileira. Temos uma combinação de crescimento econômico com as nossas exportações, com as importações, sobretudo de bens de capital, o que significa que nossas empresas estão acreditando na sua reestruturação", afirmou o presidente, lembrando em saldos positivos em relação à conta corrente, geração de empregos e poupança interna. Para o presidente, o Brasil está na sua melhor fase: "Estou dizendo para vocês que não há volta para o Brasil. E finalmente encontrou o caminho de ter um crescimento sustentado para que num médio prazo nosso País deixe de ser eternamente em via de desenvolvimento e seja um país desenvolvido".
E emendou com um recado visando ao pleito de 2006: "Por exemplo, quando apontaram o salário mínimo de R$ 384 e eu disse que ia vetar porque nem as prefeituras poderiam pagar nem a Previdência suportaria, sei que isso foi feito para me desgastar politicamente. Da mesma forma que tenho dito da política de juros. Durante a campanha fiz muito debate com empresários e as coisas que os empresários mais diziam era que o Banco Central tinha que ter autonomia. Agora as pessoas querem que eu determine a política de juros. Vocês (empresários) cobraram de mim durante dez anos que o câmbio fosse flutuante e agora querem que eu determine o valor da moeda".
Lula deixou o edifício do Banco do Brasil (BB) na Avenida Paulista, em São Paulo, sob protestos de dois pequenos grupos formados em frente da garagem por onde a comitiva presidencial passou. O grupo maior era formado por cerca de dez estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) na capital paulista, portando bandeiras do PSTU e alguns deles vestindo camisetas do partido, e puxava as seguintes palavras de ordem: "É ‘mensalinho’, é ‘mensalão’. Cadê a verba para educação?" e "É ou não é piada de salão? O chefe da quadrilha é presidente da nação".