Para Lula, “a luta é muito dura, muito difícil”

Depois de ouvir elogios ao governo e uma defesa explícita da reeleição por parte do prefeito de Bogotá, Luiz Eduardo Garzon, um ex-sindicalista de esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, empolgado, improvisou um discurso.

Primeiro, falou das dificuldades de governar, ao afirmar que "a luta é muito dura, muito difícil" para, em seguida, dizer: "Primeiro, enfrentamos todo tipo de preconceito mas, depois, uma surpresa agradável, quando muita gente de quem não esperávamos apoio nos apoiaram."

Em seguida, Lula fez uma ampla defesa dos programas sociais da administração federal e comemorou os resultados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a vida do povo brasileiro, que, em pesquisa de amostra domiciliar de indicadores sociais, "se confirmou aquilo que nós acreditávamos: todos os índices sociais melhoraram, todos, sem distinção".

Ele ressaltou que esses dados positivos nem levam em conta 2005 e avisou que esperem o resultado no fim do mandato.

Em discurso de agradecimento a Garzon, Lula reconheceu que ainda há muito o que fazer. "Afinal de contas, não consertaremos séculos de erros com um mandato de quatro anos", declarou, acrescentando: "Mas, certamente, estamos escolhendo a pedra correta, a terra correta, o cimento correto para mostrar que é possível edificar uma América do Sul e uma América Latina mais desenvolvida."

O encontro com o prefeito de Bogotá foi o segundo compromisso do presidente na capital colombiana. Antes, Lula foi recebido com honras de chefe de Estado na Casa de Nariñho, o Palácio de Governo, pelo presidente da Colômbia, Alvaro Uribe. O presidente brasileiro e Uribe tiveram uma primeira conversa, o que atrasau toda a programação. Em seguida, depositou flores no busto do general Simon Bolivar, seguindo para a prefeitura.

Após receber as chaves da cidade na visita à administração municipal, Lula caminhou a pé uns 500 metros, pela Praça das Armas, até o palácio, onde se reuniu com o presidente da Colômbia, no quarto compromisso do dia. No trajeto a pé, o presidente brasileiro recebeu aplausos de dois pedestres e foi reconhecido por um terceiro, a quem acenou.

Após entregar as chaves da cidade, Garzon, em fala de improviso, elogiou os projetos sociais de Lula, ressaltando que devem ser seguidos, e passou a defender a reeleição dele.

"A mim permite-me te dizer que estou plenamente com sua reeleição e convencido de que sua campanha e seu exercício de governo foram supremamente importantes e significativos para todos os movimentos alternativos da esquerda democrática e o desenvolvimento dos movimentos sociais da América Latina e seus programas, muito bem avaliados no mundo e no Brasil, são multiplicadores como experiência para nós", disse.

Sem saber dos resultados negativos da mais recente pesquisa sobre a eleição, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), que dão o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), ganhando de Lula no segundo turno, Garzon afirmou ainda, no discurso: "Estamos muito pendentes de pesquisas, não tenho as do Brasil, mas tenha a segurança de que aqui estamos torcendo para que vá o melhor possível nesta campanha e para prosseguir contando com o sr., como referente de uma vida exemplar, absolutamente vertical na defesa dos trabalhadores e absolutamente comprometida com o presidente eleito democraticamente."

Pouco depois, na parte de improviso, Lula afirmou que, "quando um sindicalista passa para a política e ganha o governo de uma cidade, de um Estado ou de um país, a responsabilidade colocada em suas costas, certamente, é maior do que a de qualquer outro político por uma única razão: porque passamos grande parte de nossa vida fazendo pauta de reivindicações e cobrando dos governantes que fizessem aquilo que entendíamos ser correto".

O presidente acrescentou: "Eu acho extremamente confortante a nossa experiência no governo porque temos de provar se seríamos capazes e se estamos sendo capazes de fazer, enquanto governo, aquilo que achávamos que os outros deveriam fazer."

Dirigente – Ao citar as lutas sindicalistas, Lula classifica-se como "um dirigente sindical razoável no Brasil". "Na ausência de outro, tornei-me muito importante", disse, ao vangloriar-se: "Em nenhum momento da minha passagem pela vida do sindicalismo brasileiro, nós geramos a quantidade de empregos que geramos nestes últimos 36 meses." "Há mais de 20 anos que o movimento sindical brasileiro não conseguia celebrar acordos acima da inflação para ganhos reais dos salários", disse.

Segundo ele, este ano, 85% dos acordos salariais foram com ganhos acima da inflação. Lula reconheceu, no entanto, que ainda há muito o que fazer. "Afinal de contas, não consertaremos séculos de erros com um mandato de quatro anos", declarou, dizendo: "Mas, certamente, estamos escolhendo a pedra correta, a terra correta, o cimento correto para mostrar que é possível edificar uma América do Sul e uma América Latina mais desenvolvida, mais próspera, com mais justiça social, onde a gente pobre que não tem sindicato, que não tem ONGs (organizações não-governamentais), que não tem partido político, que não tem organização nenhuma, apenas a crença em si mesmo e sua fé em Deus, veja os governos, os atuais e os futuros, deixando apenas de governar para a chamada sociedade organizada, para governar para aqueles que apenas tinham o direito de gritar que estavam com fome, mas não tinham direito de comer."

O presidente anunciou ainda que, no dia 23, estará em Osasco, na Grande São Paulo, entregando um cartão do programa Bolsa Família, de número 8.700.000. Para Lula, são famílias "que passaram a conquistar o direito de dizer a nós governantes que, finalmente, alguém lembrou que eu existo depois das eleições"

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