Brasília – Apesar dos avanços nas políticas públicas de prevenção e assistência aos portadores do HIV, o enfrentamento da Aids no Brasil tem que vencer os desafios do preconceito. Esse foi o tema de seminário que reuniu nesta quinta-feira (12) ativistas, profissionais de saúde e especialistas do Brasil e da França.

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De acordo com Mário Ângelo Silva, doutor em Psicologia Social e professor da Universidade de Brasília (UnB), a discriminação contra portadores do HIV/aids no país está diretamente ligada ao medo e ao desconhecimento das formas de infecção.

?O Brasil associa ações de prevenção e assistência, é um dos poucos países que disponibiliza medicamentos anti-retrovirais gratuitamente e de forma universal, para toda a população. Mas, infelizmente, a discriminação ainda é um desafio e faz com que as pessoas se isolem e até se auto-discriminem?, afirmou.

Além de trazer um estigma à pessoa que convive com o vírus ou com a doença, a discriminação gera exclusão da vida social, acrescentou. Segundo Silva, ?ainda há resistência das instituições e empresas em admitir pessoas com HIV/aids em seus quadros?.

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O representante da organização não-governamental (ONG) Grupo de Incentivo à Vida, Hugo Hagstrom, disse que o preconceito inibe a busca pelo tratamento, porque as pessoas têm medo de se expôr: ?Criou-se uma ‘aidsfobia’ no Brasil, as pessoas foram afastadas de suas famílias, de seus trabalhos; muitas morreram de preconceito, de vergonha, de abandono?. 

Para Jacqueline Côrtes, portadora do HIV há 13 anos, apesar da divulgação de informações o preconceito ainda está presente, mesmo que de forma velada ou silenciosa, e tem raízes em crendices populares. ?Não basta apenas divulgar informações sobre como se pega a doença ? a educação continuada é fundamental. O mais importante é a convivência, a integração, a discussão do tema de forma ampla?, apontou.

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O seminário Brasil-França faz parte de um acordo de cooperação entre os dois países para trocar experiências sobre temas ligados às DST/aids, com intercâmbio de pesquisadores e a realização de reuniões periódicas sobre direitos e qualidade de vida de quem convive com o vírus ou a doença.