O diretor do Centro de Estudos de Logística da Coppead (UFRJ), Paulo Fernando Fleury, adverte que o País está caminhando na direção certa, mas há dúvidas sobre a implementação de muitas das mudanças anunciadas para tentar resolver o caos aéreo. "Esse governo é campeão em apresentar boas idéias, mas totalmente ineficaz na hora de implementá-las", critica.
Fleury admite que a descentralização de aeroportos, com a redução do número de vôos em Congonhas, além da limitação do tamanho e peso dos aviões, são medidas bem-vindas, mas alerta que serão necessários anos para resolver o problema de uma vez por todas. "Até agora só colocaram um "band-aid" sobre a ferida com medidas emergenciais. Precisamos de planejamento para atacar as questões centrais", defende.
O professor se diz preocupado com o fato de o governo ter um quadro de profissionais que não são técnicos tomando decisões absolutamente técnicas em relação ao transporte aéreo que, na sua opinião, é um modal complexo que exige planejamento de longo prazo e que tem muito risco embutido.
Infra-estrutura
O consultor de aviação da Bain & Company, André Castellini, aponta a necessidade de investimentos em infra-estrutura em dois segmentos para resolver de vez o problema: na área de controle de tráfego aéreo e nos aeroportos. Segundo o especialista, até agora só foram tomadas medidas de segurança, como a reforma das pistas, mas não se viu ações para aumentar a capacidade dos aeroportos. "Não tem nenhuma medida concreta", afirma. Além da construção de uma terceira pista em Guarulhos, o consultor defende a construção de um novo aeroporto para atender à Região Metropolitana de São Paulo.
Castellini avalia que as medidas tornaram o transporte aéreo inconveniente, o que contribuiu para a queda da demanda nos últimos meses. "Você resolveu o problema do aeroporto de Congonhas reduzindo a demanda, o que obviamente não é a solução" avalia. Para ele, à medida que o problema de infra-estrutura dos aeroportos não é resolvido, o País corre o risco de voltar a elitizar o transporte aéreo. "Tudo isso se reflete em prejuízo para as companhias, que não conseguem aumentar suas tarifas porque há muita oferta de assentos no mercado", explica.
A nomeação de Nelson Jobim para o Ministério da Defesa, na opinião do consultor, é bem vista, uma vez que o executivo já mostrou propensão para agir. Castellini lembra, no entanto, que ainda não viu grandes ações direcionadas aos principais problemas.
Para o diretor do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos, Cláudio Chagas Cruz, "falta ainda marco regulatório e a definição de medidas preventivas, com maior rigor no que diz respeito à fiscalização das empresas".As medidas tomadas recentemente pelo governo a fim de tentar resolver os problemas no setor aéreo estão corretas, mas não são suficientes.
