Para o presidente da rede de educação Laureate, José Roberto Loureiro, as restrições que o governo tem promovido no Fies podem ser chamadas de “limpeza étnica”, por prejudicar sobretudo o acesso ao programa dos alunos mais pobres. Nos últimos dias, as portas das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), universidade de São Paulo que pertence ao grupo americano – assim como a Anhembi Morumbi -, ficaram cheias de jovens que não conseguiam aderir ao Fies ou mesmo renovar os contratos. “O relógio está contra os alunos”, diz.

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Segundo o executivo, o mais grave é que muitos estudantes não estão conseguindo renovar os contratos. “O Ministério da Educação tem as necessidades de ajuste, mas é um erro mexer nos contratos vigentes”, diz. “A população que normalmente vem para o ensino privado é de escola pública, e a única chance de melhorar de vida é fazer uma universidade. Se essa chance for tirada, você estará matando uma geração”, completa.

O MEC garante que o 1,9 milhão de alunos com contrato terão renovação garantida. Até esta semana, 800 mil haviam sido renovados.

Loureiro é um dos fundadores da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes), entidade que reúne os grandes grupos de educação que atuam no País e tem capital aberto. Além da Laureate, estão Estácio, Kroton Anhanguera, Anima e Devry.

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A principal queixa das empresas é a falta de transparência por parte do MEC nas mudanças no programa. Em dezembro, portarias estipularam uma nota mínima no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para acessar o Fies e diminuíram o fluxo de pagamento dos financiamentos. Em vez de quitar 12 parcelas, o MEC decidiu pagar 8.

Essa regra atingiu somente as grandes instituições de ensino, que têm mais de 20 mil alunos com contratos do financiamento. “Não estamos recebendo pelos serviços que prestamos. Sei que há escolas menores com dificuldades, mas não é honesto tratá-las de forma diferente.” A trava de um reajuste-limite de 6,4% nas mensalidades veio mais tarde, sem aviso prévio.

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Uma das estratégias que o setor tem imaginado para ampliar o financiamento a partir de agora é tentar articular com o governo uma nova versão do Fies, com a participação de bancos privados. “Há muitas alternativas que não estão sendo levadas em conta”, diz Rodrigo Capelato, do Sindicato das Mantenedoras de São Paulo (Semesp).