Para Dirceu, ligação telefônica torna decisão do STF suspeita

O ex-ministro José Dirceu colocou nesta quinta-feira (30) sob de suspeição o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que abriu ação penal contra os 40 denunciados no esquema do mensalão. Em entrevista coletiva, na qual se defendeu das acusações, Dirceu disse que a divulgação da conversa telefônica do ministro do Supremo, Ricardo Lewandowski, afirmando que os ministros do Tribunal votaram com a "faca no pescoço" por conta da pressão da imprensa coloca "no mínimo o julgamento do STF sob suspeição".

Segundo o ex-ministro, além da divulgação da conversa telefônica de Lewandowski, existe também um outro fato grave, que foi a divulgação de conversas por e-mail entre Lewandowski e Cármen Lúcia. "Estou perplexo, estupefato e quase entrando em pânico", destacou Dirceu, a respeito desses episódios. Ele disse que tudo isso não pode simplesmente passar em branco, questionando que precisa da garantia de que terá um julgamento justo.

O ex-ministro da Casa Civil disse que espera um pronunciamento do STF a esse respeito. "Este caso é muito grave", disse ele, numa referência específica à divulgação da conversa telefônica do ministro. Na avaliação de Dirceu, essas situações devem ser esclarecidas. "Eu temo pelo meu futuro, quero um julgamento justo. No mínimo, o julgamento do STF está sob suspeição", voltou a dizer. Na entrevista coletiva, Dirceu voltou a dizer que é inocente das acusações que lhe foram feitas. "Não roubei, não deixei roubar e nem cometi nenhuma irregularidade", argumentou.

Atestado

O ex-ministro disse estar com a consciência tranqüila e acredita que será absolvido nesse processo. " A aceitação da denúncia não é julgamento", emendou ele, destacando que deseja que o julgamento aconteça o mais rápido possível. Em sua defesa, Dirceu citou que já sofreu uma devassa. " A Receita Federal, inclusive, já me entregou um atestado de honestidade em abril deste ano.

Na sua avaliação, não existem provas de participação em atos ilícitos. Durante entrevista, Dirceu voltou a criticar a mídia, dizendo que o País vive uma ditadura dos meios de comunicação. E voltou a pregar uma regulação e concorrência para o setor.

José Dirceu disse que não quer o apoio do PT e do governo nesse seu processo. "Eu posso responder voto a voto de cada ministro do Supremo com os elementos que estão nos autos", observou. Ele disse que o PT já pagou um preço político por esse episódio. E o partido dos tucanos, o PSDB, também já esteve envolvido em denúncias de corrupção no passado. "Talvez mais graves do que essa.

O ex-ministro disse ainda que continuará lutando para que o PT faça maioria na Câmara e no Senado nas próximas eleições. E disse confiar num candidato combativo nas próximas eleições. " Defendo que o PT se renove, incluindo suas direções". Ao se referir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dirceu comentou: "Felizmente o Lula é maior do que o PT.

O advogado do ex-ministro, José Luiz Oliveira Lima, também presente à entrevista coletiva, disse que no momento adequado a matéria sobre o teor da conversa telefônica do ministro Lewandowski poderá ser anexada à defesa de Dirceu. Segundo Dirceu, se fatos como estes (divulgação de e-mails e da conversa telefônica do ministro Lewandowski) tivessem ocorrido em outro país, o julgamento poderia até mesmo ter sido suspenso.

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