Brasília – O debate dos presidenciáveis na TV Bandeirantes não apresentou nada que pudesse empolgar o eleitor, avaliou o cientista político do Departamento de Ciência Política da Universidade de Brasília, Luiz Pedoni. O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, também considerou que o debate ficou dentro da ?mais completa normalidade?, podendo alterar muito pouco, pelo menos imediatamente, a situação dos candidatos nas pesquisas eleitorais.

Coimbra disse que o candidato do PSB, Anthony Garotinho, foi o que se saiu pior. Os outros três tiveram um desempenho parecido, empatado. Para ele, Serra, Lula e Ciro deram respostas corretas e equilibradas. O tom agressivo usado por Garotinho, na cobrança a Serra colocou o candidato do PSB em situação de desvantagem, segundo Coimbra.

Acompanhando durante o debate um grupo de pessoas reunidas para a realização de uma pesquisa qualitativa, em Belo Horizonte, Coimbra disse que a reação do grupo foi negativa quando Garotinho adotou uma posição ofensiva. ?As pessoas reagem mal a esse tom agressivo de cobrança, o impacto imediato não é positivo. A reação é positiva quando os candidatos apresentam suas propostas e idéias?, afirmou Coimbra.

O cientista político Luis Pedoni também considerou o debate equilibrado. ?A empolgação por um candidato ainda não apareceu; não há nenhum que se diga, é esse?, disse Pedoni. Ele considerou natural esta situação, por ter sido o primeiro confronto direto entre os candidatos.

A maioria tratou de forma semelhante de pontos importantes como educação, questões da juventude, reforma tributária. Em alguns momentos os candidatos da oposição voltaram-se contra Serra, como na discussão sobre o déficit da previdência. ?Essas coisas estão pegando no governo FHC?, disse.

Mas as ?alfinetadas? foram distribuídas de forma equânime entre eles, segundo o professor. Garotinho tentou reforçar sua imagem de realizador expediente, em contraposição à suposta falta de experiência de Lula, e Serra acusou Garotinho de não prender traficantes, ao mesmo tempo em que o ex-governador do Rio de Janeiro insinuou o uso político da Polícia Federal pelo atual governo.

Marcos Coimbra ressaltou que o assunto que mais chamou a atenção do seu grupo de pesquisa ? pessoas de classe C e D ? foi a discussão sobre a questão do emprego. Embora propostas sobre aposentadoria seja de interesse dos trabalhadores, a discussão que se travou sobre esse assunto, entre Lula e Ciro, não agradou. ?A dimensão técnica dada à questão da previdência, com expressões como regime de capitalização, não atrai a atenção das classes mais baixas?, disse Coimbra, lembrando que mais de 70% do eleitorado estão na classe C e D.

Quanto à influência do debate nas pesquisas de intenção de voto, o diretor do Vox acredita que, de imediato, ela não acontecerá. Mesmo porque, salientou, um debate depois das dez da noite de um domingo não alcançará 20% de audiência. ?Só depois de um ou dois dias de discussão entre as pessoas nas ruas, no trabalho é que se pode perceber se houve essa influência ou não?.

Veja as coberturas do debate elaboradas pela Agência Estado e Jornal do Brasil

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