Palocci revela a Malan que será o ministro da Fazenda

O coordenador da equipe de transição do PT, Antônio Palocci Filho, será mesmo ministro da Fazenda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Numa conversa a portas fechadas, realizada recentemente, Palocci informou o atual ministro, Pedro Malan, que irá substituí-lo no cargo. Aos 42 anos, o ex-prefeito de Ribeirão Preto tem agradado ao mercado financeiro com seu discurso moderado. ?Ele nos surpreendeu positivamente?, disse Lula.

Na seara política, o principal nome da equipe petista será o do deputado José Dirceu (SP), que vai assumir a Casa Civil. Lula vai adotar um novo modelo para a Casa Civil, que terá papel reforçado. Dirceu confirmou, numa conversa com senadores, que terá a atribuição específica de coordenar a articulação política do governo com o Congresso. Fez esta ressalva ao explicar que, com ele, a pasta não terá a tarefa de encaminhar nomeações para outras funções.

Até agora, o presidente eleito não tem uma decisão sobre o Banco Central. Mas, nesta semana, aumentaram os boatos de que Lula pode indicar o economista Pedro Bodin, amigo do atual presidente do Banco Central, Armínio Fraga. Lula corre contra o tempo porque a diretoria do BC tem de ser sabatinada pelo Senado até o próximo dia 15, antes do recesso parlamentar.

Na prática, dirigentes do PT chegaram a sondar Armínio sobre a possibilidade de sua permanência no BC até março de 2003, mas ele não aceitou. Lula enfrenta dificuldades para encontrar um nome que seja, ao mesmo tempo, experiente e bem-aceito pelo mercado. Na semana passada, os rumores iam na direção do atual secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo, João Sayad.

Em reunião realizada quarta-feira à noite, na Granja do Torto, o vice-presidente eleito, José Alencar (PL-MG), disse a Lula que não pretende acumular seu cargo com um ministério. “Mesmo considerando uma grande honra ser ministro do próximo governo, fui eleito para exercer o meu mandato e o meu mandato é como vice-presidente”, afirmou. Alencar foi citado várias vezes como o preferido de Lula para ocupar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Pragmatismo

Lula planeja tirar o Comércio Exterior desse ministério, criando uma secretaria nacional específicia para esta área. O embaixador do Brasil na Inglaterra, Celso Amorim, é cotado para ser o novo ministro das Relações Exteriores. “É um bom nome e tem muita proximidade com o PT”, disse um dirigente do partido, numa referência a Amorim, que passará o fim de semana no Brasil.

Não se espera uma grande mudança na política externa, já que a tradição nesse setor é o pragmatismo, sem influência ideológica. Um dos maiores desafios do novo governo na área internacional será o relacionamento com os Estados Unidos.

A embaixadora do México no Brasil, Cecília Soto, disse que já está conversando com a equipe do presidente eleito e ministros da área econômica devem vir ao Brasil, ainda em dezembro, para contatos com o novo governo. Para Cecília, as conversas indicam que Brasil e México devem colaborar um com o outro “para ver como tirar proveito dos conflitos entre os dois Gulivers, esses dois amigos (Estados Unidos e União Européia)”.

O embaixador da União Européia no Brasil, Rolf Timans, considera que seria muito importante revitalizar o Mercosul. Ele avalia que, no novo governo, a política externa brasileira será de continuidade em relação à atual. “As grandes questões em discussão não permitem muita mudança. A política internacional é dada de acordo com os interesses do País e, por isso, não muda substancialmente”, concluiu.

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