O ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, voltou ontem a defender maior acesso dos produtos dos países em desenvolvimento ao mercado internacional, durante seu discurso no Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial (Bird). “Exortamos os países que ainda estão relutantes em liberalizar o comércio e eliminar subsídios que revejam sua posição de modo a facilitar a retomada das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio”, disse ele. “Ressaltamos, mais uma vez, que a liberalização comercial e a eliminação de subsídios, principalmente na agricultura, são objetivos importantes da maioria dos países em desenvolvimento.”

Falando em nome de Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Haiti, Panamá, Filipinas, Suriname e Trinidad e Tobago, o ministro Palocci encorajou a continuidade do trabalho que vem sendo feito pelo Bird e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de “monitorar a questão do comércio internacional no nível técnico”. O ministro disse que um ambiente internacional negativo, onde há dúvidas quanto ao desempenho da economia, impõe mais desafios e dificulta ainda mais a implementação das reformas. Apesar disso, observou, “acreditamos que as condições favoráveis para o desenvolvimento econômico e social podem ser mantidos”.

Agradecimento

Deixando para trás o tempo em que ele e seus companheiros gritavam “fora FMI”, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci Filho, informou ontem que se reuniu com o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Horst Köhler, para agradecer. “Fiz um agradecimento ao Fundo por dois motivos”, explicou. “Primeiro, por ter feito um programa de grande porte com o Brasil que ajudou o ajustamento das nossas contas; segundo, pelo fato que o Fundo compreendeu uma solicitação nossa de que nós preferíamos anunciar sempre as nossas metas, independente das negociações com eles.”

Questionado sobre se não se sentia desconfortável visitando “a toca da onça”, o ministro riu. “Eu não chamaria esse ambiente tão amigável ao Brasil como a toca desse belo animal”, comentou. “Tem um diretor-executivo aqui do meu lado que eu digo que é como a polícia militar: positivo e operante.” Ele referia-se ao ex-secretário do Tesouro Nacional Murilo Portugal, que representa o Brasil e um conjunto de outros países no Fundo. Segundo o ministro, Portugal “tem uma fortíssima atuação” no Fundo e goza de “grande reconhecimento”.

Palocci explicou que o agradecimento ao FMI não lhe causa nenhum desconforto ideológico. “Nossa relação com o Fundo é uma relação de governo com uma instituição da qual o Brasil faz parte, é acionista”, disse. Segundo o ministro, não há nada de ideológico no relacionamento do Brasil com os organismos multilaterais, embora ele considere que posições ideológicas são “legítimas”.

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