Com o apoio da oposição, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, conseguiu adiar para 2006 o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. A convocação de Palocci deverá ser aprovada na terça-feira – mas, mesmo nesse caso, a proximidade do recesso parlamentar, que começa dois dias depois, impedirá o comparecimento dele antes da virada do ano. O presidente da CPI, senador Efraim Morais (PFL-PB), demonstrou desconforto com a situação. Para Morais, se Palocci estivesse interessado em colaborar com as investigações, como declarou, iria à comissão no dia seguinte à aprovação da convocação. ?Quer apostar como ele vai viajar??, ironizou. ?Até ouvi dizer que o ministro vai entrar em férias.?
Palocci será chamado à comissão para falar, principalmente, sobre as denúncias de casos de corrupção ocorridos na prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, no tempo em que era prefeito. Terá de esclarecer ainda operações suspeitas de órgãos vinculados ao Ministério da Fazenda, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que teria favorecido empresários com linhas de crédito em Angola, e do suposto pagamento de propina na renovação do contrato da Caixa Econômica Federal (CEF) com a multinacional Gtech.
Muito ligado ao ministro da Fazenda, o senador Tião Viana (PT-SP) disse que o adiamento da inquirição ?mostra respeito pelo que Palocci representa para o País?. Diante do enfraquecimento do ministro, cuja política econômica tem sido questionada dentro e fora do governo, a oposição não quer aumentar demais a pressão sobre ele. ?Ele está na fritura e não seremos nós quem vamos aumentar o fogo?, justificou um parlamentar oposicionista.
De acordo com esse congressista, o ministro fez chegar à oposição a informação que entregará o cargo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se tiver de se explicar à CPI. ?Ele deve constranger-se diante da inclusão de extrato de tomate refinado com ervilha na cesta básica da merenda escolar?, alega um senador, referindo-se ao episódio constatado na gestão de Palocci na administração municipal de Ribeirão Preto (SP). No caso, há suspeitas de que a empresa distribuidora do produto pagava ?mensalão? ao PT.