O Brasil está próximo de se tornar sócio de um dos maiores telescópios do futuro, o Giant Magellan Telescope (GMT), previsto para entrar em operação por volta de 2020, nas montanhas do Deserto do Atacama, no Chile. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) aprovou um investimento de US$ 40 milhões para fazer parte do projeto e já há um compromisso de parceria por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

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Procurado, o MCTI não se pronunciou oficialmente, mas confirmou a informação de que arcará com 50% do valor. “Ainda não há nada assinado, mas já temos um acordo”, disse ao Estado o diretor científico da Fapesp, Carlos Henrique Cruz.

Os US$ 40 milhões garantirão ao País uma participação de 4% no consórcio do GMT; o que significa que 4% do tempo de uso do telescópio estará reservado para o Brasil.

O consórcio, por enquanto, é formado por dez instituições: 6 dos Estados Unidos, 3 da Austrália e 1 da Coreia do Sul. A proposta de entrar para o projeto foi apresentada à Fapesp no fim de 2011, por pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. O cientista à frente da iniciativa é o astrônomo João Steiner.

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Repercussão

A repercussão da adesão do MCTI ao projeto não foi de toda positiva na comunidade científica nacional. A Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) publicou em seu site uma “carta aberta” ao ministro de Ciência e Tecnologia, Clelio Campolina Diniz, demonstrando surpresa e uma certa preocupação em relação à notícia. “Embora não restem dúvidas quanto aos benefícios, alertamos que este assunto não foi discutido nacionalmente.”

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Associado a isso, há uma preocupação com relação às possíveis implicações do acordo com o GMT para o andamento da proposta de adesão do Brasil ao Observatório Europeu do Sul (ESO), outro grande consórcio astronômico internacional, que planeja construir o maior de todos os telescópios, chamado European Extremely Large Telescope (E-ELT).

A proposta de adesão do Brasil ao ESO foi aprovada em 2011 pelo MCTI e encaminhada ao Congresso para aprovação em fevereiro de 2013, com um valor negociado de 260 milhões, distribuído ao longo de dez anos. O projeto é apoiado pela maioria da comunidade científica da área, mas o alto custo envolvido faz com que ele seja frequentemente questionado. “Em reunião em 4 de junho, o MCTI informou que prepararia uma contraproposta para uma renegociação do valor do acordo ESO”, diz a carta da SAB, assinada por sua presidente, a astrônoma Adriana Válio.

Procurada na quinta-feira, a assessoria do MCTI informou que o ministro Campolina não tinha conhecimento da carta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.