País diz “Não” à proibição do comércio de armas de fogo

Como já apontavam os números parciais da apuração dos votos do referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munição, o "não" venceu por uma enorme vantagem, com 59.108.944 votos, o equivalente a 63,94% dos votos válidos, após a apuração de todas as urnas. O "sim" teve 33.333.022 votos, 36,06% dos válidos. O Rio Grande do Sul foi o estado que teve maior porcentual de votos contrários à proibição, com 86,83% dos votos no "não". Já Pernambuco teve o maior porcentual de votos a favor da proibição, com 45,51% dos votos no "sim". O número de votos brancos e nulos foi parecido. Dos 95.375.458 de votos, 1.329.202 (1,39%) foram em branco e 1.604.290 (1,68%) foram anulados.

O referendo registrou um novo recorde de abstenções em votação. O porcentual médio das eleições mais recentes foi de 14%. Mas, o índice de abstenção da votação de ontem ficou em 21,85%. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Velloso, disse que esperava isso. "Abstenção em torno de 20% não é muito em se tratando de referendo", afirmou ontem após a divulgação dos primeiros números apurados.

Velloso preferiu não dar opinião sobre o resultado da consulta popular. "O que o povo decide é soberano, é só isso o que eu posso dizer", declarou ele em entrevista. Carlos Velloso elogiou as campanhas das duas frentes parlamentares e disse que gostaria de ver outros referendos sendo realizados futuramente no Brasil. "Sou um adepto dos referendos, da democracia, do povo participando diretamente das decisões", afirmou.

Na região Norte, onde tradicionalmente há mais eleitores faltosos, o percentual de abstenções foi ainda maior em comparação a anos anteriores, devido à dificuldade de locomoção da população. Com a seca, os leitos dos rios foram esvaziados e o transporte fluvial, vital para a região, ficou prejudicado. A média percentual nacional observada no ano passado foi de 16,53% no primeiro turno. Em 2002, 17,74% dos eleitores deixaram de votar para presidente da república também no primeiro turno. Os números incluem quem não votou, mas justificou a ausência perante a Justiça Eleitoral.

O índice de abstenção observado agora é compatível com o registrado no segundo turno das eleições presidenciais de 2002, quando 20,46% dos eleitores não compareceu às urnas. Em 2004, foram contabilizados 17,28% de ausências no segundo turno. Na opinião de Velloso, o universo de aproximadamente 20% de abstenção não pode ser considerado alto.

"Inicialmente, eu previ uma abstenção de cerca de 25% de votos, porque estava em jogo uma causa, não um candidato, que motiva mais. Felizmente, não chegou àquela previsão pessimista. Depois, achei que ficaria entre 15% e 20% e, no fim, ficou perto disso", observou o presidente do TSE. "Na eleição do ano passado, (a abstenção) ficou em 12%. Mas são nas eleições mais apaixonantes, as municipais, que em regra a abstenção é menor. Penso que ficando em torno de 20% não é muito, tratando-se de um referendo", completou.

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