O contador Gilson Rodrigues de Sena, de 51 anos, e a professora Fátima Rodrigues Edvirges Sena, de 50, pais da menina Rita de Cássia Rodrigues de Sena, de 5 anos, que morreu ao cair da janela do apartamento da família no 5º andar, na noite de sábado, no Rio, deixaram a carceragem no início da tarde. A família decidiu adiar o enterro da menina para a manhã de hoje, no Cemitério de Irajá – o sepultamento estava marcado para a tarde de ontem.
O casal foi preso em flagrante por abandono de incapaz, seguido de morte, a pedido da delegada Adriana Belém, da 25ª Delegacia de Polícia (Engenho Novo). A pena para esse tipo de delito varia de 4 a 12 anos de prisão. Para a delegada, ficou claro que o casal não jogou a criança pela janela. A advogada do casal, Fátima Pandolpho, fundamentou o pedido da liberdade provisória na ausência de culpa dos pais da criança. “Foi uma fatalidade. Eles estão sofridos, traumatizados, em estado de choque.”
O casal estava com as duas filhas, Rita e Camila, de 14 anos, que está grávida, numa festa caipira no condomínio, em Tompas Coelho, na zona norte. Rita disse que estava com sono e pediu para dormir. A criança foi deixada no apartamento pela mãe, que voltou para recomendar à filha mais velha que não tomasse chuva. Rita de Cássia ficou sozinha em casa por 19 minutos. As imagens do circuito interno do prédio mostram que Rita jogou uma mochila e um edredom na área externa, antes de cair.
O pediatra Lauro Monteiro Filho, coordenador do Observatório da Infância, considerou um “absurdo” a prisão em flagrante dos pais, mas afirmou que a tragédia deve servir de alerta. “Esse casal já foi suficientemente punido, mas os pais devem ficar atentos. Essa é uma nítida situação de negligência. Não é acidente, porque acidente é inevitável. Em nenhuma hipótese, uma criança pode ficar sozinha em casa”, disse.