O açougueiro José Antônio Bezerra dos Santos, pai do soldado Rafael Oliveira dos Santos, de 21 anos, assassinado por policiais civis depois de ter sido rendido por criminosos na noite de terça-feira (23), recriminou nesta quinta as declarações do delegado Alan Turnowski, chefe das Delegacias Especializadas do Rio, durante o enterro do filho. O policial defendeu ontem a ação policial que terminou com a morte do soldado, do vigilante Paulo Marcos da Silva Leão e dos três acusados de terem roubado o carro de Leão e feito o policial e o vigilante reféns em Brás de Pina, na zona norte do Rio.
O pai de Santos não deu entrevista. Fez um desabafo durante o sepultamento. Afirmou que Turnowski defendeu a ação porque “não foi com o filho dele”. De acordo com o delegado, os policiais “agiram corretamente na abordagem”. Turnowski alegou que os criminosos atiraram e os policiais não tiveram alternativa. A mãe do soldado, doente, com dois tumores nos pulmões, não foi ao cemitério São Francisco Xavier, na zona norte.
“Foi uma covardia. Se tivesse sido com o filho dele ou de algum juiz importante, iam colocar 100 policiais, investigar e punir”, declarou o pai, arrasado. Ele passou o enterro abraçado a Leonardo, irmão do soldado. Santos disse esperar que entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ajudem a família. “Meu filho morreu como um homem nas mãos de covardes.”
Cerca de 100 pessoas acompanharam o enterro, entre elas cinco oficiais do Exército, incluindo o comandante do 2.º Batalhão de Infantaria Motorizada, coronel Pedro Hood Conrado, que determinou a abertura de Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar a morte do soldado. A família criticou o fato de a investigação da Polícia Civil ter ficado com a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), onde estão lotados os policiais que participaram da ação. O militar não quis comentar o caso. “O IPM vai apurar.” O prazo para conclusão da investigação militar é de 40 dias, prorrogáveis por mais 30.