São Paulo – Duas semanas após ter participado de uma entrevista no Domingo Legal, do SBT, na qual se fez passar por integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), o pagodeiro Wagner Faustino da Silva, 25 anos, o “Alfa”, confirmou ontem à polícia que recebeu R$ 150 da produção do programa para ameaçar de morte jornalistas e celebridades. Disse ainda que obedeceu roteiro pré-estabelecido e que a arma e o capuz usados por ele e pelo colega, Antônio Rodrigues da Silva Filho, o “Beta”, foram entregues pela produção pouco antes da gravação.
Para fazer as ameaças, “Alfa” e “Beta” liam os nomes das “vítimas” numa cartolina segurada pelos produtores que estavam atrás das câmeras. Entre os ameaçados estavam jornalistas de emissoras concorrentes e o vice-prefeito paulistano, Hélio Bicudo. Ao delegado Alberto Mateus, “Alfa” contou também que os produtores insistiam para que ele e o seu companheiro ameaçassem de morte principalmente o jornalista da RedeTV Marcelo Resende.
Combinado
O promotor do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organização (Gaeco), Roberto Porto, acompanhou o depoimento e disse que o pagodeiro confirmou a versão dada à polícia na semana passada por um funcionário do SBT, de que o apresentador do Domingo Legal, Gugu Liberato, não só tinha conhecimento do conteúdo da entrevista como, segundo ele, ainda ligou para os produtores minutos antes da gravação para “saber se tudo estava correndo conforme combinado”.
Em depoimento de uma hora, o pagodeiro afirmou também que foi contratado para fazer uma “pegadinha”.
“A produção pegou pesado, mas eu achava que era uma pegadinha? e que estava sendo pago por um trabalho”, – disse ele, em depoimento no Departamento de Investigações Criminais (Deic). Acompanhado de um advogado, “Alfa” não deu declarações à imprensa ontem.Segundo a polícia, “Alfa” confirmou ainda a informação de que ele e “Beta” foram contratados dias antes pelo produtor de pegadinhas Hamilton Tadeu dos Santos, o Barney. Na semana passada, também em depoimento no Deic, Barney confessou ter recebido R$ 3 mil para produzir a entrevista. Os três foram indiciados por fazer apologia ao crime.
O apresentador Gugu Liberato; o diretor do programa, Maurício Nunes, o produtor Rogério Casagrande, e o chefe de reportagem do Domingo Legal, Wagner Mafezzolim, poderão ser processados.