Quem for assistir aos desfiles no sambódromo paulistano, no Anhembi, vai presenciar uma celebração não só do samba, mas da música em geral. Dos 14 sambas-enredo, quatro são homenagens a músicos: Gilberto Gil, Alcione, Martinho da Vila e o grupo Fundo de Quintal.
“A carnavalesca Maria Augusta (referência no carnaval carioca) diz que existe um inconsciente coletivo das escolas. Às vezes acontecem essas coincidências sem explicação”, afirma o carnavalesco Mario Quintaes, da Unidos do Peruche.
A escola, segundo a desfilar, tem como tema a história de Martinho da Vila. A Peruche deve surgir logo depois da Independente, prevista para abrir o espetáculo às 23h15. A agremiação fará uma viagem pelo cinema de terror. As atenções também devem voltar-se para a madrinha de bateria, Sheila Mello.
No quesito homenagem ao samba, a grande expectativa de ficar para o sábado, 10, quando a Vai-Vai falará da trajetória de vida de Gilberto Gil, com destaque para um carro sobre o período da ditadura. “Será uma remontagem dos porões do Dops puxada por um tanque do exército”, diz o vice-presidente, Thobias da Vai-Vai. No sambódromo, haverá expectativa pela presença de Caetano Veloso, da mulher e dos filhos de Gil – que estará no último carro.
Outra escola sempre favorita que abrirá alas do sábado para o mesmo tema será a Mocidade Alegre. Os 70 anos de idade e os 45 de carreira de Alcione serão contados em uma narrativa não linear. Segundo a carnavalesca Neide Lopes, o desfile trará aspectos políticos. “O carnaval vem sendo muito atacado. Querem privatizar os sambódromos, cortar verbas. Ninguém melhor que a Alcione para representar a resistência do samba.”
Primeira noite
Na madrugada do sábado, porém, o samba terá outro ritmo no Anhembi. Após a passagem da Acadêmicos do Tucuruvi – que teve 70% das fantasias destruídas por um incêndio e deve ganhar o apoio do público para contar Uma Noite no Museu -, a Mancha Verde vai relembrar o boom do pagode nos anos 1980 com o desfile que tem como tema o Fundo de Quintal. O conjunto vai estar reunido no último carro. “O Fundo (de Quintal) participou de todo processo do desfile. Desde a construção do samba-enredo até as alegorias”, diz o carnavalesco Magoo.
Na sequência, a atual campeã, a Acadêmicos do Tatuapé, tenta o bicampeonato com um enredo sobre o Maranhão. “Nosso segundo carro representa o navio negreiro que trouxe os primeiros escravos ao Maranhão e tem 35 metros”, conta o carnavalesco Wagner Santos.
Para terminar a noite, mais música. Primeiro: a homenagem aos caminhoneiros da Rosas, puxada no começo pela dupla sertaneja Maiara e Maraísa. Por fim, um baile imperial da Tom Maior. O abre-alas vem com 60 casais dançando a valsa vienense em homenagem à Imperatriz Leopoldina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.