A delegada Graciela de Lourdes David Ambrosio, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Franca, no interior de São Paulo, ouvirá amanhã à tarde o depoimento do padre José Afonso Dé, de 74 anos, suspeito de crimes de pedofilia envolvendo jovens da cidade. A delegada deve encerrar o inquérito ainda esta semana.
Padre Dé atuava na Paróquia São Vicente de Paulo e está afastado de suas funções religiosas desde o começo das investigações. O bispo Pedro Luiz Stringhini o afastou e aguarda a conclusão do inquérito policial. Mais de 20 pessoas foram ouvidas durante o inquérito.
Graciela ouviu seis adolescentes, entre 12 e 16 anos, que teriam sido vítimas do padre, com “relatos bem coerentes”, segundo a delegada. A denúncia começou a ser investigada em meados de março, após a denúncia chegar ao Conselho Tutelar, que acionou a DDM. No início, quatro adolescentes (que ajudavam o padre a realizar missas) se apresentaram como vítimas. Um deles morou na casa do padre. Os assédios teriam ocorrido após missas, entre janeiro e fevereiro deste ano. Além de beijos, carícias nos órgãos genitais dos jovens seriam praticadas pelo sacerdote.
A delegada ouviu as supostas vítimas, além de seis padres de paróquias diferentes. Os religiosos afirmaram em depoimento que conheciam as denúncias pelos garotos. “Uns acharam que eram brincadeiras dos meninos e outros falaram que iriam informar o bispo sobre as situações”, disse a delegada.
Padre Dé não pode celebrar missas, batizados ou casamentos desde então. Em entrevista coletiva e em nota oficial, o pároco alega ser inocente de todas as acusações.
Após o escândalo, surgiram denúncias contra Padre Dé em cidades onde ele atuou anteriormente. A delegada, porém, disse que a investigação que comanda restringe-se a Franca, mas deverá encaminhar informações às delegacias mencionadas, como a de Iturama (MG) e até de cidades do interior paranaense.