Antes de acusar Anderson Batista de extorsão, em agosto, o padre Júlio Lancellotti já tinha procurado duas vezes a polícia para denunciar outra chantagem. Acusou o traficante Marcos José de Lima, de 31 anos, de extorsão. O padre conversou com integrantes da cúpula da Segurança Pública em 2006 e este ano. Admitiu que já tivera contato com Lima. Mas não quis formalizar denúncia.
O traficante foi detido duas vezes, a última delas em 19 de abril deste ano. Em depoimento à Justiça em 3 de setembro, Lima disse que pedia ?sempre? dinheiro ao sacerdote. Mas garantiu que Lancellotti o ajudava porque os dois tinham um ?relacionamento homossexual?.
O padre disse aos policiais que Lima começou a exigir dinheiro depois de ter sido preso pela Polícia Militar, em 16 de maio de 2006, sob a acusação de tráfico. O sacerdote afirmou que, solto no fim do ano, Lima retomou o achaque. Depois da segunda queixa o suspeito voltou a ser preso com drogas, dessa vez pela Polícia Civil.
As alegações, tanto do padre quanto do acusado, são as mesmas do caso de Batista, ex-interno da Febem. O ex-secretário-adjunto da Segurança, Marcelo Martins Oliveira, disse que desde 2004 Lancellotti procurava autoridades para denunciar achaques. Sempre fazia isso de modo discreto, recusando-se a prestar queixa formal. Só mudou de estratégia há dois meses, quando acusou Batista de tê-lo extorquido.
A cúpula da polícia agiu com discrição no caso de Lima. O delegado-geral Marco Antônio Desgualdo ligou para o secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, para tratar do assunto. Em abril, o Setor de Investigações Gerais (SIG) prendeu Lima em flagrante com 49 pedras de crack no centro de São Paulo. A 5ª Seccional (Leste), que apura o caso de Batista, vai agora ouvir o depoimento de Lima.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo