Representantes das comissões de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), da OAB-RJ e líderes de organizações não governamentais se reuniram nesta terça-feira (3) com o subsecretário de Segurança Pública do Rio, Márcio Derenne, para apresentar as denúncias sobre abusos ocorridos durante a operação policial no Complexo do Alemão no dia 27. A Ouvidoria da Corregedoria Unificada de Polícia foi colocada à disposição da comunidade para receber as denúncias, que vão de execução sumária até invasão de domicílios.
"Foi um avanço. Ficou combinado que a Ouvidoria vai ouvir os depoimentos dos moradores nos locais em que se sentirem mais à vontade", declarou o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, Marcelo Freixo (PSOL). Entre os casos, o mais forte seria o de uma testemunha que presenciou a execução de um homem baleado. O depoimento deve ser tomado em sigilo e as ONGs estudam a inclusão da pessoa no programa de proteção à testemunha.
Outro caso abordado foi o do estudante Ivo Urbano, de 17 anos. A família dele afirma que ele estuda na Escola Municipal João Barbalho e não tem ligação com o tráfico de drogas. O rapaz foi ferido em casa por uma bala perdida e levado pela mãe para o Hospital Getúlio Vargas onde foi preso por agentes da Força Nacional de Segurança (FNS), que o acusaram de trocar tiros com a polícia na véspera.
Na operação do dia 27, 19 pessoas morreram e pelo menos 9 ficaram feridas. A Polícia Civil divulgou que 11 tinham antecedentes, três eram menores, quatro não tinham passagem pela polícia e um homem ainda não foi identificado oficialmente.