Com dificuldade de conseguir atrair votos suficientes para aprovar a proposta que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), o governo corre ainda o risco de perder apoios que considerava garantidos. O senador Osmar Dias (PDT-PR) ocupou nesta segunda-feira (10) a tribuna do Senado para cobrar, entre outras coisas, garantias explícitas do governo sobre o uso adequado dos recursos destinados à CPMF, propostas concretas para corte de gastos correntes e repasse de recursos para o Hospital das Clínicas do Paraná. Sem isso, anunciou, terá muita dificuldade para votar com o governo.

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"Eu quero chegar no Paraná e dizer que tive um motivo para votar a favor da CPMF. Mas até agora não tenho motivo para isso", afirmou. "Quero que o governo se comprometa a uma boa aplicação dos recursos da CPMF e que reconheça publicamente que isso não vem sendo feito. Como não sou economista, quero também explicações concretas sobre o que o governo pretende fazer para conter os gastos públicos. Quais serão as medidas. Não basta apenas prometer fazer isso, mas dizer como fará. E recurso para o Hospital das Clínicas é uma necessidade. Eles não têm hoje dinheiro nem para comprar linhas para fazer suturas em operações", afirmou.

Como o PDT fechou questão a favor da prorrogação da CPMF, Dias sabe que corre o risco de expulsão do partido se votar contra a proposta. Nesse caso, optaria simplesmente por se ausentar da votação. Mesmo assim, poderia ainda ser punido pelo comando do PDT. "É um risco que se corre quando se faz política", disse. No seu discurso, Osmar Dias lembrou que cobra garantias porque já não acredita em promessas feitas pelos representantes do governo incluindo o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"O governo não pode simplesmente prometer de boca, porque já não confio mais no que o governo promete de boca. O ministro Mantega esteve aqui, no gabinete do Senador Romero Jucá, o líder do governo, e disse: ‘Até o dia 30 de novembro estará no Congresso uma proposta de reforma tributária’. Eu estou aqui há doze anos e meio, quase treze. Essa promessa é feita todos os anos, por todos os governos também e nenhum deles a cumpriu. Aprovamos um arremedo de reforma tributária no Senado Federal, que foi para a Câmara e nem isso foi votado porque o governo não quer. Porque a União fica com 65% dos recursos arrecadados, os Estados, com 20% e os Municípios, com 15%", criticou.

Barganhas

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Dias garantiu também que não está interessado em barganhas com o governo. "Essa história de negociar, para alguns, é negociar cargo, é negociar verbinha daqui, verbinha dali. Para mim, não. Negociar é, por exemplo, exigir que o governo cumpra o mínimo de salvar o Hospital de Clínicas do Paraná, com o que estou batendo aqui faz um mês, e até agora nada. Está na conversa. Não tenho como chegar ao Hospital de Clínicas e falar: Votei pela CPMF. Cadê o dinheiro? Ah, não veio! Tem de haver o dinheiro no Hospital de Clínicas."

Osmar Dias concluiu dizendo que não está fazendo exigências por interesses pessoais, mas sim da população. "Aquilo lá (HC) é do povo do Paraná e do povo brasileiro, e o dinheiro da CPMF é para a saúde. Não estou pedindo favor pessoal. Estou pedindo não é nem em favor da população, mas porque a população tem o direito. Esse dinheiro da CPMF não é para a saúde? Então voto na CPMF se começarem a atender aos pedidos que fiz, que são cinco, dos quais não vi nenhum atendido", garantiu.

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