Deputados de oposição relatarão parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), carro-chefe do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ontem, durante todo o dia, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), conversou com os líderes dos partidos para definir os deputados que terão a tarefa de fazer relatório das sete medidas provisórias (MPs) e dos quatro projetos de lei do PAC. Chinaglia disse aos líderes que, com o convite à oposição, quer mostrar que as divergências da disputa pela presidência da Casa ficaram no passado e que agora ele é presidente da instituição.
Chinaglia foi eleito para o cargo depois de uma disputa acirrada com o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), que teve o apoio do PFL e de parte do PSDB. O líder do PFL na Câmara, Onyx Lorenzoni (RS), disse que o presidente da Câmara fez um gesto importante ao oferecer uma das relatorias para um deputado da legenda. Lorenzoni afirmou que consultará deputados da bancada sobre a oferta, mas sinalizou que a sigla deverá fazer parecer de uma das MPs. ?No que depender de mim, sim?, disse, após encontro com Chinaglia, ontem, no fim da tarde.
O presidente da Casa também dará a tucanos a tarefa de relatar parte do Programa de Aceleração. Chinaglia ainda conversou com o líder da bancada, Antônio Carlos Pannunzio (SP), e ofereceu a relatoria de duas MPs e de um projeto. Pannunzio ficou de consultar a bancada antes de dar a resposta ao presidente da Casa. Chinaglia espera fechar o quebra-cabeça das indicações hoje.
Um dos interlocutores do deputado do PT de São Paulo afirmou que as relatorias serão distribuídas às agremiações seguindo a proporcionalidade – quanto maior a bancada do partido mais relatorias a bancada terá. Os nomes que serão escolhidos para relatar as propostas do programa de crescimento deverão levar em conta a identidade dos deputados com os temas das medidas e dos projetos, segundo o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), que também se reuniu com Chinaglia.
A determinação de Chinaglia de entregar parte do PAC para ser relatado por deputados de oposição provocou insatisfação na base. O líder do PR, Luciano Castro (RR), não gostou da decisão. ?Esse é um programa de investimento muito importante. Vou tentar mudar a opinião do presidente?, afirmou Castro, que ontem também se reuniu com Chinaglia.