Brasília
– Derrotada duas vezes em dois pedidos de CPI – a que investigaria os bingos e a do caso Celso Daniel – a oposição tenta aumentar a pressão sobre o governo. A oposição insiste em recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a CPI dos bingos. Sobre o caso do prefeito petista assassinado em Santo André, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), admitiu que não conseguiu repor as assinaturas retiradas do requerimento. A senadora Heloísa Helena (sem partido-AL) disse que o Congresso vive uma “situação vergonhosa”.“Quero meu direito constitucional de fiscalizar os atos do Executivo”, reclamou. A senadora destacou que a CPI dos bingos é importante porque, por ter acompanhamento da mídia e da população, tem mais chances de chegar às origens da corrupção. A CPI, segundo ela, torna-se ainda mais necessária diante dos fatos que apontariam para a existência de uma “estrutura narcopolítica” envolvendo o governo. Como exemplo do tráfico de influência, ela citou os encontros de Waldomiro com representantes da empresa GTech, que teriam levado à assinatura de um contrato de R$ 800 milhões lesivo ao interesse público.
“Tudo isso é muito triste. O povo brasileiro está perdendo sua confiança na democracia representativa”, alertou. O senador Efraim Morais (PFL-PB) disse que, com a decisão de quinta-feira na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que pode virar jurisprudência, não haverá mais a possibilidade de a minoria instalar uma CPI, inclusive nas assembléias legislativas. O senador Mão Santa (PMDB-PI) quer acompanhar Heloísa ao STF. No pedido para a CPI do caso Celso Daniel, além de Papaléo Paes (PMDB-AP), o outro senador que retirou sua assinatura foi Paulo Octávio (PFL-DF). Ao ler o requerimento de instalação da CPI, o líder do PSDB disse que o governo deveria assumir a responsabilidade pelo engavetamento da CPI, em vez de transferi-la para os senadores do PMDB. “Peço aos senadores que não paguem esse pato pelo governo. O governo que mate essa CPI mais tarde, na CCJ e em plenário, e diga que não quer a investigação”, afirmou Arthur Virgílio (AM).
A CPI sobre a morte do prefeito de Santo André não teve o número mínimo (27) de assinaturas necessárias e deve ser arquivada. Já a dos bingos esbarra na estrarégia dos líderes da base aliada do governo, que não indicaram os representantes de seus partidos e esvaziaram a comissão.