Oposição registra a CPI dos Correios

Celso Junior / AE

Parlamentares protocolam
a CPI dos Correios.

Brasília – A oposição protocolou na tarde de ontem, na secretaria-geral do Congresso, o requerimento de CPI para investigar o esquema de corrupção nos Correios com as assinaturas de 222 deputados e 44 senadores. O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), disse que até a leitura do requerimento na sessão do Congresso os parlamentares podem tirar suas assinaturas, mas ele acha difícil o governo conseguir barrar a CPI porque há uma margem de assinaturas muito acima do necessário.

Pela primeira vez desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo não teve força política para impedir que a oposição obtivesse as assinaturas necessárias para conseguir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) desconfortável para o Palácio do Planalto. Eram necessárias as assinaturas de, no mínimo, 171 deputados e 27 senadores. A instalação da CPI depende, no entanto, da indicação dos representantes de cada partido, prerrogativa inicial dos líderes de bancada. Segundo Goldman, em princípio, a CPI vai investigar as denúncias envolvendo os Correios, mas pode avançar para outras estatais, dependendo do andamento das investigações.

O discurso feito na véspera pelo presidente do PTB, Roberto Jefferson, não convenceu a oposição nem petistas, como Walter Pinheiro (BA). Segundo Goldman, Jefferson não apresentou nenhuma informação nova e seu discurso só reforçou a necessidade da instalação de uma CPI.

A oposição decidiu centrar o requerimento de CPI no esquema de corrupção nos Correios. Segundo Goldman, o único fato concreto até o momento é a gravação que mostra um funcionário dos Correios recebendo propina para dar informações sobre licitações na estatal. O tucano informou, no entanto, que denúncias de corrupção em outros órgãos do governo também poderão ser investigadas pela CPI, caso surjam indícios durante o trabalho.

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, disse que há órgãos oficiais capazes de investigar o esquema de corrupção nos Correios e afirmou que não vê necessidade de CPI, mas prometeu conversar com os líderes para discutir o encaminhamento da matéria. "Uma CPI é um grande embaraço. Todo mundo sabe como começa, mas não sabe como termina", disse Severino, que defendeu o presidente do PTB, Roberto Jefferson: "Ele provou que não tem nada para que possa ser condenado. Não vamos encontrar nada que desabone o deputado", afirmou.

Já o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES), da base aliada, disse que a CPI é irreversível e deve indicar os membros do seu partido. "Não teve orientação do governo para retirada de nomes. Temos que trabalhar agora é para que a CPI funcione dentro dos seus limites, que é investigar o escândalo dos Correios. Vamos ajudar nas investigações de fato", disse Casagrande. O líder da Minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), também acha que é irreversível e que ficaria muito ruim para o presidente do Senado, Renan Calheiros, impedir a instalação por causa dos nomes do PMDB na fita. 

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