A crise política envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deve provocar uma situação rara no Congresso. A sessão de votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que poderá acontecer nos próximos dias, tem tudo para se transformar numa guerra por conta da disposição de Renan em presidir a reunião. Os partidos que defendem punição ao presidente do Senado (PSOL, PPS, DEM e PSDB) já começaram a montar sua tática para fazer com que a sessão não siga adiante enquanto Renan estiver no comando. A idéia é constrangê-lo.

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?Ficarmos todos de costas para ele pode ser um dos gestos que faremos?, avisa o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), prometendo desconfortos mais pesados ainda para Renan durante a sessão. ?Mas nada que fira o decoro parlamentar?, garante.

Se o constrangimento não funcionar, Alencar adianta que a idéia é começar uma seqüência de obstruções, discursos de protestos, pedidos de votações nominais em cada destaque (o que atrasa longamente cada voto), inviabilizando a aprovação da LDO. ?Ele é a crise. Ele é a instabilidade?, justifica.

Se depender de Renan, porém, o embate ainda pode demorar a ocorrer. Já sabendo que seus adversários querem aproveitar a sessão de votação da LDO para hostilizá-lo, anuncia a todos que não abre mão de presidir a reunião. Mas gostaria mesmo é de protelar a realização da sessão. Formalmente, a não-votação da LDO impede o Congresso de entrar em recesso. Na prática, os parlamentares parariam de trabalhar da mesma maneira, adotando uma espécie de recesso branco.

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É com isso que Renan conta. Ele avalia que seria bom para seu processo se os trabalhos no Congresso se reduzissem, o que poderia permitir que seu caso fosse menos visado pela opinião pública.