Brasília – O líder da minoria no Senado, José Jorge (PFL-PE), voltou ontem a pedir que seja afastado do cargo o chefe do Gabinete Pessoal da Presidência da República, Gilberto Carvalho, que também ontem prestou depoimento em sessão reservada da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Bingos no Senado, que o convocou para falar sobre a declaração feita pelo médico oftalmologista João Francisco Daniel, irmão do prefeito de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel, que foi assassinado em janeiro de 2002.

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Francisco Daniel declarou que Carvalho era quem recolhia dinheiro extorquido pela prefeitura a empresas contratadas pela Prefeitura e o entregava à cúpula do PT para alimentar um caixa dois do partido. O médico faz estas denúncias há dois anos. Jorge havia feito a mesma sugestão de afastamento dele quando do depoimento do médico à CPMI, há 15 dias. "A acusação contra ele é muito grave." Segundo o líder da minoria no Senado, Carvalho compareceu à sessão "muito bem preparado" para o testemunho. "Como todos que vêm aqui à comissão, ele desmente as denúncias e confirma apenas o que lhe é apropriado."

Carvalho desqualificou o irmão do prefeito de Santo André, Celso Daniel,o médico João Francisco Daniel. Ele contou que se encontrou cinco vezes com parentes do prefeito de Santo André, Celso Daniel, após o seu assassinato em janeiro de 2002. Em duas delas, disse que teria conversado unicamente com João Francisco, mas negou ter falado com ele ou qualquer outra pessoa sobre um esquema de extorsão da prefeitura com empresas concessionárias, destinado a alimentar o caixa 2 do PT.

"A única coisa que ele (Gilberto) confirmou é que tinha um Corsa preto", informou o senador José Jorge. "No mais, fez como a maioria dos que vêm aqui depor desmentindo as acusações e dizendo somente o que lhe é apropriado". O senador defendeu o afastamento de Gilberto do governo, "a exemplo do que fizeram outros que disseram não ter culpa, como José Dirceu, Genoino e Delúbio Soares". O chefe de gabinete de Lula foi categórico ao afirmar que Celso Daniel foi vítima de um crime comum, como concluiu a Polícia Civil de São Paulo, na primeira investigação, reaberta no mês passado, a pedido do Ministério Público.

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Como preferiu depor em sessão reservada, suas declarações foram transmitidas pelos senadores. Segundo eles, Gilberto acusou João Francisco de fazer lobby na prefeitura em favor de uma empresa de ônibus e de criar dificuldades para o prefeito. "Ele detalhou a dificuldade no relacionamento dos dois", afirmou o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE). Teria dito ainda, de acordo com o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), que o prefeito chegou a pedir a João Francisco que não o procurasse mais. Gilberto Carvalho poupou o outro irmão de Celso Daniel, Bruno Daniel, de críticas. Ao contrário, disse que o estimava muito.